Doenças de soja e MID: quais são as melhores estratégias de prevenção?
A prevenção de doenças da soja envolve não somente uma solução, mas sim um conjunto de composto de diversas de práticas que são conhecidas como Manejo Integrado de Doenças (MID).
Para esclarecer sobre esse tema de tamanha importância, os professores-doutores do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Cristiano Moreira, Carlos Eduardo da Silva Oliveira e Jorge Gonzalez Aguilera, assinaram este presente artigo com mais informações. Entenda.
Principais doenças da soja e seu manejo
Quando pensamos sobre as doenças que podem afetar as plantas de soja, a utilização de cultivares resistentes é a forma mais econômica para controlar o prejuízo que elas causam.
Porém, ainda que ideal, não há cultivares resistentes a todas as doenças que podem infectar a soja. São elas: mofo branco, tombamento e podridão radicular.
Outro aspecto com relação às cultivares é seu número limitado, e isto é principalmente importante para os nematoides.
O fato é que não existe a “bala de prata” e o manejo econômico das doenças ocorre pela utilização de diversas práticas que são conhecidas como MID.
O que pode ser feito no dia a dia no campo?
As ações que podem ser tomadas para a evitar as doenças da soja envolvem:
• Conhecimento do agente patogênico envolvido, para interferir no seu ciclo de vida, e mantê-lo abaixo do limiar de dano econômico.
• Utilização de tecnologias para alcançar a modificação necessária e que sejam compatíveis com aspectos econômicos, ambientais e sociais.
O papel dos fungicidas contra doenças da soja
Os fungicidas, quando utilizados dentro de uma abordagem do MID, são ferramentas indispensáveis durante o desenvolvimento da cultura.
Para a cultura da soja, os fungicidas registrados são: abamectina, profenofós, cipermetrina e fluopyran, os quais são ingredientes ativos indicados no controle de nematoide-da-haste verde (Aphelenchoides besseyi).
Os fungos de pós-colheita podem ser controlados com estrobilurinas, benzimidazóis, triazolintionas, triazol, entre outros. Há, ainda, fungicidas registrados para damping-off, cercospora, crestamento, mancha-olho-de-rã, verrugose e Colletotrichum.
Controle biológico
O controle biológico, assim como as doenças, ocorre pelo resultado da interação de um ambiente favorável (condições climáticas necessárias à ocorrência de cada doença da soja, característica intrínseca ao microrganismo), hospedeiro suscetível e patógeno, somado aos organismos que, sob a influência do ambiente e do homem, são capazes de reduzir as doenças.
Rotação de culturas
A rotação de culturas, ou seja, o cultivo alternado de distintas espécies de plantas, na mesma área e época do ano, é importante aliada no controle de patógenos necrotróficos causadores de doenças de soja.
Isso porque eles não precisam de plantas vivas para sua sobrevivência e persistem nos restos culturais que ficam após o ciclo de cultivo. Assim, a eliminação dos restos culturais retira o substrato utilizado pelo patógeno.
No entanto, naqueles em que pode ser observada a utilização de diversos substratos para seu desenvolvimento, a rotação de cultura tem efeito menor.
Outro ponto relevante é a ocorrência de estruturas especializadas de resistência, que permanecem viáveis de alguns meses até vários anos.
As abordagens mais eficientes
As estratégias de prevenção de ocorrência das doenças da soja mais desejadas podem ser alcançadas com a utilização de diversas práticas, como:
• Utilização de sementes certificadas e sadias;
• Água de irrigação de qualidade;
• Desinfestação de equipamentos, ferramentas e calçados;
• Tratamento de sementes;
• Entre outras.
Vazio sanitário
O vazio sanitário é especialmente importante para o cultivo da soja e prevenção de doenças da soja. Ele é capaz de reduzir a quantidade de inóculo inicial de Phakopsora pachyrhizi (ferrugem asiática da soja) com consequência na redução de pulverizações de fungicidas.
Os sintomas da ferrugem podem ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento. Plantas de apenas alguns dias já podem ser infectadas. Nesta situação de epidemia severa, a perda é certa, identificada, principalmente, pela presença de pústulas no limbo foliar.
As lesões em fase inicial podem ser confundidas com mancha parda (Septoria glycines) ou com crestamento bacteriano (Xanthomonas axonopodis pv.glycines). Para melhor visualização, a folha pode ser destacada e colocada contra o céu azul. A partir dos pontos suspeitos, verifica-se com lupa de bolso a presença de urédias.