Cobertura de solo: como fazer da forma certa na região Sul?

A cobertura de solo é uma prática essencial para manter a alta performance e a sustentabilidade no campo.

Neste artigo, produzido por Mariany Isabela Soares, formada em agronomia pela UFLA (Universidade Federal de Lavras) e Field Innovation Supervisor da GDM, você encontrará dicas importantes de como fazer uma boa cobertura de solo na região Sul, entendendo seus benefícios, estratégias mais indicadas e como aplicá-la corretamente.

Por que investir em cobertura do solo?

A cobertura do solo é uma das práticas essenciais no manejo conservacionista. Isso porque ela protege a estrutura física do solo, melhora a fertilidade, estimula a vida biológica e contribui para uma agricultura mais produtiva e resiliente.

Além disso, é uma estratégia eficaz para enfrentar os desafios climáticos e manter a lavoura saudável ao longo das safras.

Benefícios da cobertura vegetal para o solo

Entre os principais ganhos agronômicos que a cobertura de solo pode proporcionar, podemos destacar: 

• Redução da erosão hídrica: a cobertura amortece o impacto da chuva e reduz o escoamento superficial, evitando a perda de solo, especialmente em áreas com declive.

• Maior retenção de umidade: a palha funciona como uma barreira contra a evaporação, mantendo a água no solo por mais tempo e favorecendo o desenvolvimento das culturas.

• Melhoria na estrutura do solo: a matéria orgânica resultante da decomposição da cobertura forma agregados estáveis, aumentando a porosidade e facilitando o enraizamento.

• Estímulo à vida no solo: resíduos vegetais e raízes vivas nutrem microrganismos benéficos, intensificando a ciclagem de nutrientes e a saúde do solo.

• Supressão de plantas daninhas: a cobertura reduz a incidência de luz sobre o solo, dificultando a emergência de invasoras.

Como planejar a cobertura de solo com eficiência

Para obter bons resultados, o planejamento dessa prática é fundamental. Confira os passos essenciais indicados para o melhor desempenho da cobertura de solo.

1. Faça uma análise do solo

Antes de implantar a cobertura, identifique necessidades de correção nutricional e escolha as espécies adequadas.

2. Escolha o mix de plantas ideal

Consórcios entre gramíneas e leguminosas são recomendados, pois combinam funções como aporte de biomassa e fixação de nitrogênio.

3. Defina a melhor época para semear

O início do outono é o momento ideal, aproveitando o retorno das chuvas na região Sul.

4. Faça o manejo adequado da cobertura

O manejo pode ser mecânico (rolo-faca) ou químico (dessecação), sempre respeitando o calendário da próxima safra.

5. Considere a persistência da palha

Espécies com maior relação C/N decompõem-se mais lentamente, mantendo o solo coberto por mais tempo.

Espécies recomendadas para a região Sul

A escolha das plantas deve levar em conta o clima, o tipo de solo e o sistema produtivo (grãos, ILP, agricultura orgânica etc.).

Confira as opções mais utilizadas:

Gramíneas de inverno

○ Aveia-preta (Avena strigosa): rústica, cobre o solo rapidamente e gera muita biomassa.

○ Azevém (Lolium multiflorum): perfilhamento vigoroso e ótima adaptação ao Sul.

Leguminosas de cobertura

○ Trevos (Trifolium spp.): ótima fixação biológica de N, muito usados em consórcios com pastagens.

○ Ervilhaca (Vicia sativa): bom aporte de biomassa e nitrogênio.

Crucíferas

○ Nabo forrageiro (Raphanus sativus): ideal para descompactar o solo e reciclar nutrientes como potássio e enxofre.

Misturas de espécies

Combinações como aveia + ervilhaca + nabo ou braquiária + trevo aumentam a diversidade de funções ecológicas.

A cobertura como parte do sistema de produção

Embora plantas de cobertura promovam ciclagem de nutrientes, em alguns casos é necessária a adubação complementar para garantir o pleno desenvolvimento da biomassa.

Isso significa que a cobertura do solo deve ser vista como parte do sistema produtivo, e não apenas como uma técnica auxiliar. Por fim, ela reduz custos operacionais, melhora o uso de insumos e aumenta a estabilidade da lavoura.

Conclusão

Com uma boa cobertura de solo, você investe na saúde do seu sistema produtivo e no futuro da agricultura brasileira.

Referências Bibliográficas

CRUZ, Ricardo A. et al. Plantas de cobertura de solo: benefícios e estratégias de uso. Embrapa Agrobiologia, 2018. Disponível em: https://www.embrapa.br/agrobiologia/publicacoes. Acesso em: abr. 2025.

CERETTA, C. A.; REINERT, D. J.; BAYER, C. Manejo do solo e plantas de cobertura na conservação do solo e da água. In: MEDEIROS, S. L. P. de (org.). Conservação do solo e da água no contexto atual. Brasília, DF: Embrapa, 2015. p. 59–84.

FONTANELI, R. S. et al. Plantas de cobertura de solo e adubação verde no Sul do Brasil. Embrapa Trigo, 2009. (Documentos, 67). Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream. Acesso em: abr. 2025.

SANTOS, H. P. dos et al. Cobertura do solo com plantas de inverno e atributos químicos de um Argissolo Vermelho sob plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 36, n. 4, p. 1173-1184, 2012.

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