Doenças foliares do trigo: guia completo de identificação, prevenção e manejo

As doenças foliares do trigo representam um dos maiores desafios para os produtores brasileiros. Quando não são manejadas adequadamente, os prejuízos podem ser muito elevados, em especial os financeiros.

Por isso, é fundamental entender a fundo as doenças foliares do trigo, conhecer seus danos e aplicar formas eficientes de controle. E para te auxiliar nesse processo, o coordenador de fitopatologia da GDM Seeds, Flávio Martins, compartilha as principais orientações neste artigo.

Confira a seguir como obter uma lavoura de trigo livre de doenças, fazer o manejo correto e alcançar o sucesso da sua safra.

Quais são as principais doenças foliares do trigo?

No Brasil, as principais doenças de difícil controle, no trigo, afetam a espiga do cereal. São elas, sobretudo, a giberela – típica de regiões mais frias, como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná – e a brusone, que costuma aparecer em condições de calor e umidade, mais frequentes no norte do Paraná e Cerrado.

Entretanto, as doenças que atingem a folha da planta de trigo também exigem bastante atenção por parte dos produtores, por isso o destaque neste artigo. Abaixo estão as principais, de acordo com a região.

Região Sul:

• Oídio;
• Mancha amarela;
• Ferrugem da folha;
• Bacterioses. 

Região Cerrado

• Brusone da folha;
Estria bacteriana, uma bacteriose causada pelo complexo Xanthomonas.

Oídio: a doença mais recorrente das últimas safras

O oídio tem sido a doença foliar do trigo mais recorrente do Sul nas safras mais recentes. A enfermidade, causada pelo fungo Blumeria graminis, se beneficia de temperaturas amenas (entre 15ºC e 20ºC) e baixa precipitação.

“O sintoma característico da doença é o aparecimento de micélios do fungo em cor branca-acinzentada, com aspecto de mofo pulverulento, que progridem das folhas do baixeiro para as superiores”, menciona Flávio Martins.

Principal sintoma do oídio na folha de trigo

Como o fungo do oídio é biotrófico, ou seja, sobrevive apenas em plantas vivas de trigo, as infecções iniciais são originadas a partir de plantas voluntárias do cereal, que vegetam durante o verão/outono.

Assim, os conídios são dispersos pelo vento e percorrem longas distâncias. Ou seja, as primeiras colônias de oídio podem ocorrer logo após a emergência, caso as condições climáticas sejam favoráveis.

Conforme a Embrapa Trigo, a ocorrência da doença em anos normais pode reduzir a produção de grãos em 5% a 8%. Em anos com condições mais favoráveis ao fungo, em cultivares suscetíveis, os impactos podem ser de 15% a 62%.

Principais medidas de controle para oídio

Tanto para oídio, como para qualquer outra das doenças foliares do trigo, a principal medida de controle é a genética da cultivar. “A genética é o principal pilar e as outras medidas se complementam para formar o manejo integrado de doenças”, menciona Martins.

Dessa forma, a segunda medida recomendada para o controle de oídio é o tratamento de sementes com fungicidas específicos para a doença. 

“O TS vai gerar um residual que protege as folhas no início do desenvolvimento contra as primeiras infecções do oídio. Esse fator facilita bastante o manejo químico com aplicações em parte aérea, realizado ao longo do ciclo”, comenta.

A aplicação de fungicidas em parte aérea é outra importante medida de controle para oídio destacada por Martins.

Mancha amarela: a doença foliar mais importante do Sul

Historicamente, a mancha amarela é a doença de folha que mais causa preocupação nas lavouras de trigo do Sul do país, devido ao seu potencial de dano.

A doença, causada pelo fungo Drechslera tritici-repentis, se beneficia de condições de molhamento contínuo (mínimo de 18 horas) a temperaturas de 20ºC. Em temperaturas maiores, como de 28ºC, o tempo de molhamento necessário para a infecção reduz para 12 horas contínuas.

Os primeiros sintomas da mancha amarela são pequenas lesões de cor marrom escuras que evoluem para lesões elípticas de centro marrom pardo e halo amarelado.

 O sintoma inicial da mancha amarela são pequenas lesões marrom escuras 

Em condições propícias ao desenvolvimento da mancha amarela, a doença pode reduzir em mais de 50% a produtividade da lavoura de trigo, sobretudo em áreas de monocultura e em cultivares suscetíveis.

“Entretanto, a doença não tem sido registrada com frequência e intensidade nas últimas safras da região, devido a condições climáticas não tão favoráveis ao seu desenvolvimento”, pontua Martins.

O fungo causador da doença é necrotrófico – ou seja, se alimenta de restos culturais de trigo. Isso faz com que a doença seja um ponto de atenção ainda maior em regiões tradicionais pelo cultivo de trigo sobre trigo, como é o caso das Missões, a maior área tritícola do Rio Grande do Sul.

O sintoma da mancha amarela evolui para lesões de centro marrom pardo e halo amarelado, que podem crescer de tamanho  

Principais medidas de controle para mancha amarela

Visando o controle da mancha, a resistência genética segue sendo o primeiro pilar. Para Martins, a segunda principal medida de controle é a união de duas práticas.

“É preciso que a semente esteja sadia. Ou que, ao menos, a semente esteja tratada com fungicidas específicos para mancha amarela, o que garante uma boa sanidade da semente. Mas, de nada adianta isso se você semear o trigo em uma área com restos culturais. Então, você sempre precisa associar a semente sadia com a rotação de culturas. Senão, uma anula o efeito da outra”, explica.

Em terceiro lugar, o fitopatologista aponta a utilidade da aplicação de fungicidas em parte aérea. “Temos uma grande disponibilidade de fungicidas. Alguns mais, outros menos eficientes, mas que de forma geral, controlam muito bem a mancha em parte aérea”, acrescenta.

Ferrugem da folha: avanço genético minimizou impactos

A ferrugem da folha é encontrada em todos os países que cultivam trigo no mundo. No Brasil, entretanto, a maior parte das cultivares utilizadas apresentam níveis, ao menos, moderados de resistência à doença, o que facilita seu controle.

“A ferrugem da folha não é considerada uma doença com controle muito difícil. Porém, em situações epidêmicas, pode gerar danos significativos”, afirma Martins.

Segundo a Embrapa Trigo, esse dano no rendimento de grãos pode ser de números na ordem de 50%.

Causada pelo fungo Puccinia triticina, a ferrugem gera maior impacto em regiões úmidas, com orvalho intenso e temperaturas amenas, na região dos 15ºC a 22ºC.

Seus sintomas são, normalmente, observados nas folhas – mas também podem ser encontrados nas glumas e aristas. Eles começam com pequenas pontuações ovais amarelas e progridem para pústulas arredondadas de cor amarelo-alaranjadas, que podem (ou não) possuir um halo amarelo.

Pequenos pontos ovalados de cor amarela são os sintomas iniciais da ferrugem da folha

É disseminada pelos uredosporos – como se fossem as “sementes” do fungo – liberados de plantas voluntárias de trigo na entressafra, que percorrem longas distâncias pelo vento até encontrarem plantas jovens do cereal, já na safra.

Ao atingirem as folhas do trigo, começam o processo de infecção com temperaturas próximas aos 18ºC e molhamento contínuo de 6h.

Os sintomas da ferrugem evoluem para pústulas amarelo-alaranjadas, que medem cerca de 1,5 mm de diâmetro

Principais medidas de controle para ferrugem da folha

“A melhor forma de controle da ferrugem é a resistência genética. Em segundo lugar, eu apontaria para o manejo de fungicidas em parte aérea. Dessas doenças foliares do trigo no Sul, talvez a ferrugem seja a mais fácil de se controlar. Há uma grande disponibilidade de produtos”, agrega Martins.

Brusone da folha: doença foliar foco no Cerrado

Em localidades mais quentes, sobretudo de trigo cultivado em regiões tropicais, a brusone da folha se torna uma das doenças foliares do trigo mais importantes da cultura, devido ao alto potencial de dano.

“Sabemos que plantios fora da janela adequada ou em abertura de semeadura, com uma cultivar suscetível e sem manejo, podem gerar perdas de até 100% da lavoura. E não é raro de acontecer”, pontua Martins.

A brusone é causada pelo fungo Pyricularia oryzae e afeta tanto a folha do trigo quanto a espiga. É na espiga que a doença se apresenta na sua versão mais destrutiva, devido a limitações em seu controle. Entretanto, os impactos do fungo na folha não devem ser subestimados.

As lesões na folha geralmente possuem formato elíptico e coloração palha-acinzentada. Elas podem, ainda, apresentar halo de cor avermelhada, a depender da reação da cultivar.

Lesões de cor palha-acinzentada causadas na folha de trigo por brusone

O fungo sobrevive em uma gama de hospedeiros, não restritos apenas ao trigo, e também em sementes e restos culturais de trigo. Os conídios dispersos pelo vento são a principal forma de disseminação do fungo.

A infecção da brusone no trigo acontece quando esses conídios atingem a ráquis (brusone da espiga) ou a folha, com pelo menos 8h de molhamento contínuo a 25ºC. Temperaturas entre 25ºC e 30ºC, somadas a molhamento acima de 40h, podem gerar cenários mais severos da doença.

Por outro lado, temperaturas noturnas abaixo de 13ºC afetam negativamente o fungo, reduzindo a chance de infecção e epidemias.

Ocorrência de halo avermelhado devido à brusone da folha

“A brusone da folha tem dois impactos. Além de causar a redução de rendimento, ela também vai servir como fonte de inóculo para a brusone da espiga. Ou seja, uma lavoura com alta incidência de brusone da folha tende a ter mais brusone da espiga também”, pontua Martins.

Principais medidas de controle para brusone da folha

O fitopatologista reforça a importância da resistência genética da cultivar como a principal forma de combater a doença. Junto à genética, o manejo químico com fungicidas possui extrema importância.

“O fungicida em parte aérea tem um alto impacto sobre o manejo da brusone da folha, principalmente se ele for aplicado de forma preventiva”, cita.

Outra importante estratégia para controle do fungo é o escalonamento das épocas de semeadura, visando o escape do período crítico para a infecção. “Por isso, cultivares que sejam suscetíveis à brusone da folha não devem ser posicionadas em abertura de janela de semeadura no Cerrado”, menciona.

Queima da folha e estria bacteriana: as doenças foliares do trigo causadas por bactérias

É comum que o produtor de trigo ouça ou até mesmo se refira à bacteriose como uma doença do trigo. Porém, o termo é amplo e pode se referir a, sobretudo, duas enfermidades da cultura, comumente chamadas de bacterioses:

•  Queima da folha: causada por bactérias do gênero Pseudomonas, costuma ocorrer com maior frequência em regiões de clima frio.

•  Estria bacteriana: causada pelo complexo de bactérias Xanthomonas, tende a acontecer em regiões mais quentes, como o norte do Paraná e Cerrado, mas também teve sua ocorrência registrada em lavouras do Sul nos últimos anos.

As principais formas de controlar ambas essas doenças foliares do trigo é através do uso de cultivares moderadamente resistentes ou resistentes a elas, aliado ao uso de sementes sadias e rotação de culturas com espécies não-hospedeiras. Ainda, deve-se evitar o excesso de molhamento e injúrias pela aplicação de defensivos agrícolas.

Quais são os grupos químicos recomendados para o manejo de cada doença?

Para o tratamento de sementes, visando o controle de oídio, Martins destaca que existem três fungicidas do grupo dos triazois e um fungicida do grupo das carboxamidas com boa eficiência. “Em parte aérea, há a opção de triazois e um fungicida pertencente às morfolinas”, comenta.

Para o controle da mancha amarela, o fitopatologista recomenda o uso de triazois, estrobilurinas, carboxamidas, protetores e de iprodiona.

“Quanto à brusone da folha, podem ser utilizados triazois, estrobilurinas, carboxamidas e benzimidazois, que colaboram bastante no manejo.”

O papel da resistência genética no controle de doenças foliares do trigo

Como bem pontuou Martins, o principal pilar para o controle de quaisquer doenças foliares do trigo é a resistência genética das cultivares. E os esforços contínuos da pesquisa em trigo da GDM Seeds vem possibilitando um aumento do nível de resistência para as principais doenças da cultura no Brasil.

“Temos tido um grande esforço para lançar cultivares que, pelo menos, mantenham o nível de resistência já existente nos nossos portfólios. Em função do melhoramento genético, estamos trazendo cultivares muito superiores, tanto para doenças de espiga como para doenças foliares, a exemplo de oídio e brusone da folha”, ressalta.

Portfólio de trigo DONMARIO agrega em segurança às doenças foliares

Para a safra de trigo de 2025, a DONMARIO lançou duas cultivares. São elas:

DM3026, de variedade precoce;
DM4025, de ciclo médio.

Ambas estão indicadas para toda a região Sul, bem como partes de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, e apresentam excepcionais níveis de potencial produtivo.

Os lançamentos também proporcionam mais segurança no campo ao produtor, que pode contar com pacotes fitossanitários robustos para doenças foliares do trigo.

A DM3026 possui como principais destaques a resistência frente ao oídio, mancha amarela e queima da folha. A cultivar também se apresenta de forma segura para ferrugem e estria bacteriana, sendo moderadamente resistente às enfermidades. “Em resumo, DM3026 é um material muito seguro pensando em doenças de folha”, comenta.

A DM4025, por sua vez, também oferece um pacote seguro na resistência ao complexo de doenças foliares do trigo, sendo moderadamente resistente ao oídio, mancha amarela, queima da folha e ferrugem. “Com exceção da reação de DM4025 à estria bacteriana, que é moderadamente suscetível, a cultivar também é muito segura frente a doenças de folha”, diz Martins.

Conheça as cultivares DONMARIO DM3026 e DM4025: tecnologia genética comprovada para controle eficaz das principais doenças foliares do trigo.

Acesse o folder de trigo da DONMARIO e confira em detalhes os dois lançamentos.

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