Pragas da soja: quais são e como lidar com as iniciais da cultura?

Quando o assunto é pragas da soja, dentre as várias espécies de insetos que causam danos na cultura, algumas ocorrem nas fases iniciais de desenvolvimento das plantas, como o Sternechus subsignatus (tamanduá-da-soja), Elasmopalpus lignosellus (lagarta-elasmo), Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho do milho) e o corós-da-soja que, no Brasil, são representados por Liogenys fusca, Liogenys suturalis, Phyllophaga cuyabana, Phyllophaga capillata, Cyclocephala forsteri, Anomala testaceipennis, entre outras.

Quem explica mais detalhes a respeito da questão das pragas da soja é o Sérgio Roberto Rodrigues, Professor do Curso de Agronomia e do curso de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e que elaborou este artigo exclusivo. Confira. 

Para o melhor controle das pragas de soja

Para o manejo integrado de insetos considerados pragas da soja, é recomendada a obtenção de informações que permitam o melhor entendimento dos danos causados por elas, bem como as formas como os insetos se comportam na lavoura, permitindo a elaboração mais adequada de estratégias de controle.

A seguir, trago mais detalhes a respeito dessas principais pragas.

Sternechus subsignatus (tamanduá-da-soja)

Para S. subsignatus os danos são causados pelos insetos na fase adulta, que raspam e desfiam os tecidos do caule, e pelas larvas que são endofíticas as quais se alimentam e destroem o caule [1]. 

Estudos demonstram que os adultos dessas pragas da soja produzem feromônio de agregação e que voláteis de plantas de soja também são atrativos aos adultos [2]. Como os adultos são encontrados na fase inicial de desenvolvimento da cultura de soja, pode ser recomendado o uso de produtos químicos para controle em campo [1]. 

Outra técnica de controle dessas pragas de soja seria o uso da sucessão de soja-milho, constituindo-se em prática importante a ser usada no manejo de S. subsignatus em áreas infestadas, o que propicia a diminuição de sua população [3]. 

Nesse contexto, o uso de cultivares de soja e milho de ciclo precoces, médios e tardios da DONMARIO devem ser utilizados planejando-se sua sucessão, para proporcionarem diminuição ou manterem baixos níveis populacionais dessa importante espécie de praga de soja.

Elasmopalpus lignosellus (lagarta-elasmo)

Com o desenvolvimento das plantas de soja, os adultos de E. lignosellus são atraídos para as plantas, onde depositam seus ovos e, transcorridos alguns dias, eclodem as lagartas que inicialmente raspam o caule  e se alojam em seu interior. Ali, continuam se alimentando e proporcionam mortalidade das plantas [1]. 

Nas áreas de semeadura convencional, em condições normais, a temperatura do solo é favorável às lagartas, mas períodos longos de estiagem provocam o aquecimento a níveis letais a essa espécie, enquanto que nas áreas de semeadura direta a ocorrência tem sido menor [1]. 

O controle químico dessa praga da soja com pulverizações preventivas ou tratamento de sementes podem auxiliar na diminuição dos danos proporcionados. Porém, estudos conduzidos demonstraram que plantas de milho geneticamente modificadas exercem efeito de controle sobre essa importante espécie praga [4]. 

Cultivares de soja e milho com tecnologia Bt estão disponíveis nos cultivares DONMARIO, o que permite utilização de técnicas modernas e avançadas no controle dessa espécie.

Spodoptera frugiperda (lagarta do cartucho-do-milho)

Na fase inicial de desenvolvimento das plantas de soja, as lagartas de S. frugiperda as cortam rente ao solo ou alimentam-se das folhas, podendo causar morte e redução de estande [5]. 

Para controle de lagartas, pode-se realizar tratamento de sementes ou pulverizações nas áreas de culturas com diferentes grupos químicos [5, 6 e 7]. No Brasil, um dos fatores que pode estar contribuindo para a dificuldade do manejo de S. frugiperda é a grande oferta de hospedeiros ao longo do ano, seja com sucessão de culturas, como milho ou soja no verão, ou milho ou sorgo na “safrinha”. 

Além disso, nas regiões onde é utilizada alta tecnologia, como no Centro-Oeste brasileiro, o plantio de milho irrigado com pivô central no inverno aumenta a disponibilidade de hospedeiros nesse período [8]. 

O uso de plantas geneticamente modificadas compreendem tecnologia moderna e atual e auxiliam no controle e diminuem os danos causados por S. frugiperda [9]. As cultivares de soja e milho DONMARIO fazem parte desse seleto grupo de cultivares que possuem tecnologia Bt e auxiliam no controle dessa importante praga da soja.

Corós-da-soja (Liogenys fusca, Phyllophaga cuyabana, Phyllophaga capillata, Cyclocephala forsteri, Anomala testaceipennis, entre outras)

Os corós-da-soja são imaturos de diferentes espécies que danificam o sistema radicular das plantas em desenvolvimento [10, 11, 12, 13 e 14]. Os adultos dessas pragas da soja são coleópteros, que poucos danos causam às plantas, porém, podem se nutrir de folhas de soja. 

No início da estação chuvosa, esses insetos realizam as revoadas e iniciam as posturas no solo, de onde eclodem as lagartas e começam a danificar as plantas. Para esse grupo de insetos, pode-se recomendar o uso de produtos químicos em tratamento de sementes ou aplicação em sulco de plantio [15]. 

A rotação de culturas auxilia na diminuição das densidades populacionais desse grupo de insetos pragas da soja [10]. Apesar de pouco estudadas, endotoxinas de Bacillus thuringiensis apresentam atividades de controle dos corós [16]. 

As cultivares de soja DONMARIO, se bem planejadas e manejadas em sistemas de sucessão com outras culturas, apresentam grande potencial para diminuição de populações desse grupo de pragas em campo.

Aproveite e fique por dentro sobre as novas cultivares de soja DONMARIO.

Conclusão

Dentre as várias estratégias de controle recomendadas para as pragas da soja que causam danos na cultura, técnicas de amostragem de pragas são imprescindíveis. Isso porque as recomendações de aplicações de produtos químicos são indicadas após a detecção das espécies no campo, limitando-se o uso de produtos no momento em que de fato as pragas estiverem iniciando os danos nas áreas de soja.

Dessa forma, permite-se que a agricultura atual produza cada vez mais alimentos com alta qualidade, atendendo a demanda nacional e internacional de alimentos saudáveis.

REFERÊNCIAS

[1] Hoffmann-Campo, C.B., Moscardi, F., Corrêa-Ferreira, B.S., Oliveira, L.J., Sosa-Gómez, D.R., Panizzi, A.R., Corso, I.C., Gazzoni, D.L., Oliveira, E.B. 2000. Pragas da soja no Brasil e seu manejo integrado. Londrina: Embrapa Soja, 70p. (Circular técnica, n. 30).
[2] Ambrogi, B.G., Zarbin, P.H.G. 2008. Aggregation pheromone in Sternechus subsignatus (Coleoptera: Curculionidae): olfactory behaviour and temporal pattern of emission. Journal of Applied Entomology. 132(1): 54-58.
[3] Silva, M.T.B. 1996. Influência da rotação de culturas na infestação e danos causados por Sternechus subsignatus (Boheman) (Coleoptera: Curculionidae) em plantio direto. Ciência Rural. 26(1):1-5.
[4] Vinha, F.B., Silva, B.F.B., Masson, M.B., Pinto, A.S. 2019. Comparison of Bt transgenic maize in control of Elasmopalpus lignosellus in the field. Scientia Agraria Paranaensis. 18(4): 369-376.
[5] Ávila, C.J. 2017. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). In: Ávila, C.J. Pragas da soja: conheça e previna-se. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste. (Acesso em: 07/09/2024).
[6] Triboni, Y.B., Bem Junior, L.D., Raetano, C.G., Negrisoli, M.M. 2019. Effect of seed treatment with insecticides on the control of Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) in soybean. Arquivos do Instituto Biológico. 86: 1-6.
[7] Paredes-Sánchez, F.A., Rivera, G., Bocanegra-García, V., Martínez-Padrón, H.Y., Berrones-Morales, M., Niño-García, N., Herrera-Mayorga, V. 2021. Advances in control strategies against Spodoptera frugiperda. A Review. Molecules. 26(18): 1-19.
[8] Barros, E.M. Torres, J.B., Bueno, A.F. 2010. Oviposição, Desenvolvimento e Reprodução de Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em Diferentes Hospedeiros de Importância Econômica. Neotropical Entomology. 39(6): 996-1001.
[9] Lourenção, A.L.F., Fernandes, M.G. 2013. Avaliação do Milho Bt Cry1Ab e Cry1F no controle de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) em condições de campo. Científica. 41(2):164-188.
[10] Rodrigues, S.R., Carmo, J.I., Oliveira, V.S., Tiago, E.F., Taira, T.L. 2011. Ocorrência de larvas de Scarabaeidae fitófagos (Insecta, Coleoptera) em diferentes sistemas de sucessão de culturas. Pesquisa Agropecuária Tropical. 41(1): 87-93.
[11] Oliveira, L.J., Garcia, M.A. 2003. Flight, feeding and reproductive behavior of Phyllophaga cuyabana (Moser) (Coleotera: Melolonthidae) adults. Pesquisa Agropecuária Brasileira. 38(2): 179-186.
[12] Oliveira, C.M., Morón, M.A., Frizzas, M.R. 2007. First record of Phyllophaga sp aff. capillata (Coleoptera: Melolonthidae) as a soybean pest in the Brazilian “Cerrado”. Florida Entomologist. 90(4): 772-775.
[13]Santos, V., Ávila, C.J. 2007. Aspectos bioecológicos de Cyclocephala forsteri Endrodi, 1963 (Coleoptera: Melolonthidae) no Estado do Mato Grosso do Sul. Revista de Agricultura. 82 (1): 298-303.
[14] Santos, V., Ávila, C.J. 2009. Corós associados ao sistema plantio direto no Estado de Mato Grosso do Sul. Dourados, MS: Embrapa Agropecuária Oeste, 32p. (Documentos, n. 101).
[15] Santos, A., Bueno, A., Bueno, R., Vieira, S. 2008. Chemical control of white grub Liogenys fuscus (Blanchard 1851) (Coleoptera: Melolonthidae) in cornfields. BioAssay. 3(5):1-6.
[16] Deans, C., Krischik, V. 2023. The current state and future potential of microbial control of scarab pests. Applied Science. 13(766):1-33.

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