Como planejar uma safra de soja de alta performance?

No agronegócio, a diferença entre uma boa produtividade e o máximo potencial genético de uma cultivar pode ser determinante para a lucratividade da safra, especialmente em cenários de margens apertadas. Atingir essa excelência requer um planejamento estratégico detalhado, que se inicia muito antes de a semente encontrar o solo.

Este guia explora os pilares essenciais para um planejamento de safra de soja de alta performance, desde o entendimento da realidade local até os cuidados cruciais no plantio e monitoramento. O objetivo é apresentar as melhores práticas do mercado para extrair o máximo potencial da sua lavoura.

Entendendo a realidade local: o ponto de partida para o sucesso

Antes de qualquer decisão, é crucial um diagnóstico preciso da área de cultivo. Existem questões fundamentais a serem analisadas, como:

• A localização geográfica da propriedade;
• As características do solo e a necessidade de correções, como descompactação ou calagem;
• A altitude da área;
• O histórico de doenças ou nematoides na região.

“É importante identificar esses fatores para, aí, sim, começar a definir um plano estratégico como um todo”, ressalta Diogo Ferrari, supervisor de desenvolvimento de produto da GDM Seeds na M4.
Este plano, segundo Ferrari, deve se alinhar aos objetivos da fazenda: “O foco da propriedade passa por uma safra e segunda safra? Ou safra e culturas de cobertura? E qual é a expectativa de produtividade que o agricultor está buscando nessas culturas?”. Com essas respostas, é possível definir o nível de investimento ideal para a safra de soja.

Rotação de culturas: aliada estratégica para a produtividade da soja

A rotação de culturas é uma prática poderosa, especialmente para quem busca aumentar a produtividade da soja e a saúde do sistema produtivo. Felipe Bianchessi, coordenador de desenvolvimento de mercado da DONMARIO no Sul, explica que a rotação ajuda a diminuir a pressão de patógenos no solo, quebrando o ciclo de vida de fungos que se alimentam de restos culturais.

Benefícios da rotação de culturas:

• Quebra do ciclo de patógenos: reduz a incidência de doenças.
• Melhora da estrutura do solo: diferentes sistemas radiculares (pivotante da soja vs. maior massa de raízes do milho) exploram o solo de formas distintas, podendo reduzir a compactação.
• Ciclagem de nutrientes: culturas como o trigo, especialmente na Região Sul, podem trazer benefícios diretos à soja, como aumento de produtividade, melhor controle de plantas daninhas e proteção do solo.

Análise de solo: o raio-x da lavoura

A análise de solo para soja é indispensável. Ela permite entender a disponibilidade de macro e micronutrientes nos talhões, diagnosticando a heterogeneidade do solo. “Quanto mais homogêneo for o solo do agricultor, maior tende a ser sua média produtiva”, atesta Bianchessi.

Enquanto muitos agricultores realizam análises a cada dois ou três anos, aqueles mais tecnificados optam pela análise anual, garantindo um acompanhamento preciso e ajustes finos na fertilidade.

A escolha da cultivar certa

Uma das decisões mais impactantes na safra é a escolha das cultivares de soja. É fundamental selecionar materiais adaptados à realidade local e, igualmente importante, atender às suas exigências de fertilidade. “Não adianta eu plantar o melhor potencial genético do mercado se eu não der suporte para ele expressar toda essa produtividade. Eu preciso fazer um investimento à altura”, destaca Ferrari.

O sucesso começa com sementes de soja certificadas, que garantem alto vigor, germinação e pureza genética. Um estudo da Embrapa comprova: sementes com alto vigor podem aumentar a produtividade em até 24,3%. “Com a semente certificada, o produtor pode ter a certeza do que está plantando. Além disso, é uma semente que passa por diversos processos, que garantem a ela segurança nos padrões de germinação e vigor, bem como segurança fitossanitária”, adiciona Bianchessi.

Dessecação pré-plantio: preparando o terreno para o sucesso

Uma dessecação pré-plantio da soja bem executada é crucial para um bom estabelecimento da lavoura.

• Agricultores que utilizam trigo como antecessor: geralmente realizam a dessecação e semeiam a soja “no limpo”.
• Áreas em pousio: a dessecação pouco antes da semeadura da soja pode ser insuficiente.

O ideal, segundo Bianchessi, é realizar a dessecação de 30 a 45 dias antes do plantio, variando conforme a cultura antecessora e a região. “É um período que faz sentido para que tenhamos uma boa decomposição de palhada e uma maior efetividade de plantio”, menciona. Essa antecipação também previne problemas com herbicidas residuais.
Uma dessecação mal feita pode gerar grandes desafios. Ferrari alerta: “Principalmente em anos em que ocorrem algumas chuvas pontuais durante o período de seca, nós vemos áreas com bastante presença de plantas voluntárias, às vezes de milho, e plantas daninhas de difícil controle. Muitas vezes, o produtor opta por não fazer um manejo antecipado dessas plantas para não gastar uma aplicação a mais, mas futuramente precisa gastar duas ou três aplicações. Se você não fizer uma dessecação bem feita para plantar no limpo, dificilmente você terá um controle eficiente.”

Cuidados essenciais no plantio da soja: detalhes que fazem a diferença

Além da dessecação, Bianchessi destaca dois pontos cruciais nos cuidados no plantio da soja:

Condição de semeadura:

• Recomenda-se evitar a prática generalizada de definir uma profundidade e velocidade únicas para toda a área.
• A avaliação constante da umidade do solo é importante. O solo pode estar mais úmido pela manhã e secar ao longo do dia.
• A realização de regulagens simples na semeadora pode otimizar a plantabilidade conforme as condições mudam.

Ajuste da densidade de semeadura

• O excesso de população é um erro comum e pode ser prejudicial. “A cultura da soja é muito plástica, então ela tem uma capacidade de ramificação muito grande. E quando nós adensamos demais a população, perdemos isso e, algumas vezes, limitamos os materiais de produzir ou temos problemas de acamamento”, explica Bianchessi.
• Seguir a recomendação da obtentora é sempre a melhor prática. Essa densidade é definida após milhares de testes a campo e visa o melhor resultado.

Monitoramento contínuo: a vigilância que protege a produtividade

Após o plantio, o monitoramento da lavoura de soja é fundamental. “Em função das condições edafoclimáticas, nenhum ano é igual. Muda totalmente a ocorrência e intensidade de pragas e doenças. Então não temos como seguir um calendário padrão de um ano para o outro”, assinala Diogo Ferrari.

No manejo fitossanitário, é crucial conhecer e utilizar moléculas eficientes para cada desafio específico. “É comum termos produtos ótimos para situação X, mas não para a Y. Isso ressalta a importância de se ter conhecimento sobre os produtos, estando bem antenado ao mercado, e de ter o acompanhamento de um consultor técnico”, destaca Ferrari.

Potencializando a colheita: garantindo o resultado

Para proteger a produtividade construída ao longo da safra, a colheita da soja exige atenção. Ela deve ocorrer quando a planta apresentar alto índice de desfolha, 95% das vagens maduras e sementes com umidade entre 13% e 15%.

Cuidados na colheita:

• Regulagens periódicas na colheitadeira (rotação do molinete, tensão da esteira);
• Calibragens, limpezas e manutenções no maquinário.

Conclusão: o próximo nível de produtividade começa com o planejamento

Alcançar uma safra de soja de alta performance não é obra do acaso, mas resultado de um planejamento cuidadoso e da execução precisa de cada etapa. Desde a análise detalhada da realidade local, passando pela escolha inteligente de cultivares DONMARIO, até os ajustes finos no plantio e a vigilância constante durante o ciclo, cada detalhe conta para maximizar a produtividade e a lucratividade da lavoura.

Investir em conhecimento, tecnologia e nas melhores práticas é fundamental para o sucesso no campo!

Leia também a nossa matéria sobre como potencializar os resultados da colheita de soja.

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