Palhada de milho na soja: como aproveitar todos os seus benefícios?

A palhada de milho é considerada uma das mais eficazes para as culturas agrícolas do país, especialmente para o cultivo de soja. 

Para começar, não é novidade que as palhadas de maneira geral, incluindo de outras plantas, desempenham um papel fundamental na agricultura, sendo um dos pilares do sistema de plantio direto. 

Essa prática conservacionista protege o solo contra inúmeras situações que podem degradá-lo, melhorando seu equilíbrio químico, físico e biológico. 

Por isso, neste texto, vamos explicar como o produtor pode aproveitar a palhada do milho no plantio da soja e usufruir dos benefícios que ela traz – dentre eles, o aumento na produtividade da soja. Acompanhe.

Vantagens da palhada de milho para a soja

Por cobrir e proteger o solo, a palhada de milho auxilia na prevenção da erosão hídrica e eólica – causada tanto por água das chuvas quanto por ventos – e na proteção da perda de água por evapotranspiração. Assim, ela contribui para a retenção da umidade do solo e consequente retenção da temperatura, evitando temperaturas extremas.

Ainda, a palhada traz importantes contribuições no manejo de plantas daninhas. Isso porque reduz a emergência de plantas invasoras, o que evita a matocompetição da soja com outras espécies, especialmente em um período inicial da cultura. Esse fator, por sua vez, tende a diminuir os gastos com herbicidas na lavoura.

Por se decompor no solo, a palhada também se torna fonte de uma série de macro e micronutrientes, aumentando a ciclagem e disponibilidade deles para as culturas. O principal nutriente que é reciclado do milho para a soja é o potássio. Porém, os resíduos deixados pela palhada também melhoram o aporte de carbono no solo, fator que auxilia no aumento da fertilidade ao longo do tempo.

“A palhada do milho apresenta uma degradação mais lenta, então ela ainda estará no solo no momento em que o produtor entrar plantando a soja, e ela pode contribuir, inclusive, para um plantio de melhor qualidade, salvo alguns cuidados”, explica Henrique Matheus, coordenador de desenvolvimento de milho da DONMARIO.

Dados gerados pela Sementes Adriana e publicados pela Embrapa apontam que lavouras de soja plantadas após o milho produziram de 5% a 15% a mais quando comparadas com os plantios contínuos de soja após soja.

Em um experimento realizado no Rio Grande do Sul, foi constatado um aumento de produtividade de 20,3% na soja no primeiro ano após o milho e de 10,5% no segundo ano.

“Essa diferença foi atribuída, além da menor incidência de pragas e doenças, à maior quantidade de nutrientes deixados pela palha do milho, principalmente o potássio, no qual a soja é exigente”, destaca a publicação.

Como manejar a palhada de milho na soja: dicas e cuidados

No momento do plantio da soja, a palhada de milho está naturalmente seca. Assim, ao contrário de outras palhadas, que podem precisar de dessecação pré-plantio, a de milho já se encontra apta para receber o plantio.

Outra diferença entre a palhada de milho, se comparada a de outras culturas, é a ausência de um efeito alelopático – ou seja, ela não interfere de forma negativa na germinação da soja.

A seguir, confira as orientações mais importantes:

Volume ideal: a principal recomendação de manejo da palhada de milho visando o plantio da soja é buscar uma quantidade adequada de palhada, que deve estar distribuída de maneira uniforme.

Colheita: Para garantir uma distribuição uniforme, o milho deve ser colhido com uma regulagem apropriada da colheitadeira para espalhar bem a palhada e evitar acúmulos em faixas ou leiras, o que dificulta o plantio da cultura seguinte.

Cuidado com o excesso: Quantidades de palhada acima do recomendado (que gira em torno de 6-10 toneladas de matéria seca, dependendo da região e tipo de solo) também podem aumentar o risco de pragas. “Restos culturais podem abrigar pragas como lagartas, percevejos e corós, por exemplo. Então, o produtor deve sempre fazer um monitoramento eficiente e entender como está o histórico de pressão dessas pragas. Quando necessário, ele deve realizar aplicações com inseticidas”, avalia Henrique.

Maquinários: No momento do plantio, os discos de corte do plantador devem estar bem afiados e regulados para abrir o sulco sem embuchamento. Este fator garante bom contato da semente com o solo, evitando falhas no estande de plantas. Em áreas com palhada muito volumosa, pode ser necessário o uso de rolo-faca para quebrar e distribuir melhor essa matéria seca.

Profundidade: Adotar uma profundidade de semeadura de 3 a 5 cm contribui para uma emergência homogênea da semente. Já a velocidade da semeadora de 5 a 6 km/h em terrenos com palhada densa podem evitar falhas no sulco de plantio. Caso o produtor identifique padrões de falhas no plantio, ele deve realizar ajustes na semeadora.

Sementes certificadas favorecem alta performance da lavoura

Para uma boa emergência em meio ao ambiente da palhada, é imprescindível que o produtor utilize sementes com alto potencial de vigor e germinação, fatores que são garantidos por legislação nas sementes certificadas.

Sementes com tratamento industrial de fungicidas e inseticidas também favorecem uma boa taxa de emergência e sobrevivência das plantas, evitando perdas por pragas e doenças, em especial, àquelas que ocorrem no início do ciclo da soja –, como lagarta-elasmo, percevejo-castanho, corós, além de podridões de raiz e tombamentos causados por diferentes patógenos.

A escolha do híbrido ideal a ser utilizado na propriedade passa por uma série de fatores. Comumente, o principal deles costuma ser o potencial de produtividade. Porém, aspectos como ciclo, adaptação a regiões específicas, tolerância a pragas e doenças e diversos outros costumam influenciar na decisão do produtor.

O que considerar para escolher o híbrido de milho ideal para a minha safrinha?

Mas, visando oferecer à soja os benefícios trazidos pela palhada de milho, é recomendado que o produtor leve em consideração a escolha de híbridos com bom desenvolvimento vegetativo – ou seja, alto índice de matéria seca –, que resultem em maior produção de palhada (acima de 6 ton/ha).

Conclusão

Em resumo, a palhada de milho, bem como de outras plantas, é considerada a “armadura” do solo, devido aos diversos benefícios físicos, químicos e biológicos que ela proporciona. Seu aproveitamento de forma contínua permite, portanto, que os sistemas de produção sejam mais produtivos e sustentáveis ao longo do tempo.

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