Como fazer um plantio de soja eficiente: técnicas e boas práticas essenciais
Conhecer as melhores recomendações para o plantio de soja é estratégico neste momento. Afinal, a safra 2025/06 já iniciou e, com isso, os agricultores estão na fase de colheita das culturas de outono/inverno e o subsequente plantio do verão.
Contudo, para se obter uma alta performance na safra de soja, o produtor deve adotar algumas boas práticas no plantio. Elas vão desde o planejamento estratégico do plantio, com a escolha das cultivares adequadas e suas respectivas janelas de semeadura – antes mesmo da semente ser plantada –, até o monitoramento pós-semeadura.
Por isso, listamos as principais recomendações que o produtor deve ter no momento do plantio da soja. Confira abaixo!
Planejamento estratégico pré-plantio de soja
O primeiro passo dentro do planejamento estratégico do plantio de soja é a escolha das cultivares adequadas. Isto é, as cultivares melhor adaptadas à sua região, propriedade e até mesmo aos seus talhões. Conheça as cultivares DONMARIO desenvolvidas para o Sul e Cerrado.
“Para começar uma safra e obter êxito, o produtor precisa escolher uma semente de qualidade. O primeiro fator é optar por uma semente de alto potencial de germinação e vigor. Atrelado a isso, escolher qual a genética que vai se adaptar melhor ao seu ambiente”, comenta Felipe Bianchessi, coordenador de desenvolvimento de mercado da DONMARIO no Sul.
Vale lembrar que não existe planejamento de uma safra de alta performance que não passe pelo uso de sementes certificadas. “A semente certificada traz, como uma de suas principais premissas, a pureza genética. É a certeza de que o que você está comprando é o que você está plantando. E outro fator fundamental é a segurança fitossanitária, que traz a certeza de que a semente adquirida está livre de patógenos ou doenças”, ressalta Felipe.
Após adquirir a cultivar adequada à sua realidade, o produtor deve procurar o melhor encaixe possível da janela de semeadura, conforme as recomendações da obtentora da variedade.
Vale ressaltar que plantios de soja fora da janela recomendada sempre representam um risco maior, podendo gerar redução de produtividade e/ou possíveis consequências fitossanitárias, em casos de plantios fora do vazio sanitário, por exemplo.
Qual cultivar escolher para a próxima safra de soja visando alta performance?
Dentro do planejamento que antecede o plantio, é fundamental que o agricultor se prepare para realizar uma dessecação pré-plantio, visando semear a cultura no limpo e evitar problemas futuros com plantas daninhas que gerem problemas à cultura.
Principais recomendações no planejamento da safra
• Escolha da cultivar ideal, com base na melhor adaptação ao seu ambiente.
• Uso de sementes certificadas e com alto vigor e germinação.
• Semeadura em época adequada para a cultivar escolhida.
• Realizar uma dessecação pré-plantio.
Identificar e corrigir o solo
“Nós buscamos uma semente de qualidade, mas às vezes esquecemos que o solo é um ambiente natural de estresse, no qual essa semente terá que enfrentar uma série de desafios físicos, químicos e biológicos”, menciona Renato Paiva de Lima, doutor em ciência do solo e professor da Faculdade de Engenharia Agrícola da UNICAMP.
Por isso, a realização de análises detalhadas de solo antes do plantio de soja é uma ação recomendada, visando corrigir problemas físicos, como a compactação do solo, e químicos, como a acidez e a adubação.
“A análise de solo, quando feita corretamente, faz com que possamos ter um diagnóstico assertivo do quão heterogêneo está o nosso solo. E o produtor deve ter em mente que quanto mais homogêneo for seu solo, maior tende a ser a média de produtividade colhida”, cita Felipe.
De acordo com Renato, o solo precisa estar em condições ideais de umidade, evitando tanto o excesso quanto a falta de água. Quando úmido demais, a água bloqueia o sistema poroso do solo e impede trocas gasosas fundamentais ao crescimento da planta. Além disso, o solo pode ser um ambiente mais propício ao desenvolvimento de doenças.
E quando está muito seco, o solo pode causar prejuízos no desenvolvimento inicial da planta e fazer com que suas raízes não se aprofundem da maneira adequada. Um solo bem preparado também passa pela correção das condições físicas e químicas.
“Quando a gente pensa em condições físicas, sabemos que a atuação das máquinas no campo compactam o solo. Essas camadas compactadas se tornam verdadeiras barreiras físicas para o desenvolvimento da planta e devem ser corrigidas através de mobilização mecânica e ruptura”, acrescenta.
Junto às condições físicas, Renato também aponta para a importância da correção química do solo.
“Uma boa condição química passa por um solo sem acidez, ou com acidez controlada. Solos ácidos são ambientes predominantes de alumínio, que é tóxico para o desenvolvimento da planta. Essa acidez pode ser corrigida antes do plantio com o uso de calcário”, indica.
A correção química do solo também passa pelo ajuste de fertilidade. A principal forma de correção é o aporte químico de fertilizantes no solo. Entretanto, existem outras boas práticas para melhorar este aspecto, como a rotação de culturas e o uso de cultivos que deixem uma boa palhada.
“A palhada, além de proteger o solo contra a erosão, incidência de raio solar e a evaporação da água, também controla a temperatura do solo. E, por acabar se decompondo, ela se transforma em nutrientes que serão absorvidos pela cultura seguinte, melhorando a fertilidade e a biologia do solo”, comenta.
Principais recomendações de solo pré-plantio
• Análise de solo
• Garantir uma umidade adequada
• Descompactar o solo
• Corrigir a acidez (pH) e a fertilidade do solo
• Optar por culturas que deixem uma boa palhada
Ajustes no maquinário agrícola
Uma safra rentável depende também da eficiência da tecnologia de semeadura – o que envolve não apenas o uso de diferentes máquinas e modelos, como também o uso correto deles.
Por isso, é importante que o produtor se atente a alguns ajustes na semeadora antes do plantio de soja. Os principais deles são a correta escolha do disco e do anel de semeadura, visando com que eles se ajustem ao tamanho da semente (tanto em espessura, como em largura).
A definição da profundidade e velocidade de semeadura também é um fator importante no plantio da soja. Na cultura, a profundidade recomendada para a semente é de 3 a 5 cm. A regulagem, por sua vez, é feita ajustando os carrinhos individuais da semeadora e a pressão das molas.
Já a velocidade de semeadura recomendada na soja varia de 4 a 6 km/h, para plantadeiras com dosadores mecânicos, e um máximo de 8 km/h, para máquinas com dosadores pneumáticos.
Velocidades acima do recomendado podem causar algumas consequências no estabelecimento e espaçamento da cultura, fatores que podem afetar a produtividade da lavoura.
“Muitos produtores colocam como uma regra fixa que precisam plantar em determinada velocidade e profundidade, mas deixam de avaliar a condição do solo – se está mais úmido ou menos úmido. E isso é uma variação que pode acontecer, inclusive, dentro do mesmo dia. Então, o produtor deve avaliar a condição de solo no momento do plantio e fazer alguns ajustes na semeadora para melhorar a plantabilidade que ele terá naquele talhão”, pontua Felipe.
Dois outros fatores que ganham importância no momento do plantio são o espaçamento entre linhas e o ajuste da população de plantas. Enquanto o espaçamento entre linhas adequado (de 40 a 50 cm) é importante para que não haja competição entre as plantas durante seu desenvolvimento, a não-adoção da população indicada pela obtentora genética pode gerar problemas no rendimento.
“O maior erro que eu vejo acontecer a campo é o excesso de população. A cultura da soja é muito plástica, então ela tem uma capacidade de ramificação muito grande. Porém, quando adensamos demais a população, essa capacidade é perdida e muitas vezes limitamos o material de produzir bem ou temos problemas de acamamento”, relata Felipe.
Aprofunde-se no assunto e garanta um plantio mais eficiente da soja
Principais recomendações de maquinário no plantio de soja
• Ajustes na semeadora, sobretudo na escolha do disco e anel de semeadura
• Definição de profundidades de semeadura entre 3 e 5 cm (sempre considerando as condições do solo)
• Adoção de velocidades de semeadura entre 4 a 6 km/h (dosadores mecânicos) ou 8 km/h (dosadores pneumáticos)
• Espaçamento entrelinhas de 40 a 50 cm
• Utilização da população de plantas recomendada para a cultivar
Tratamento de sementes
O sucesso de uma safra está atrelado a vários fatores. A qualidade da semente é um deles, através do seu potencial genético, aliado a um alto potencial de vigor e germinação. Mas, para proteger todo esse potencial e mitigar os riscos presentes na safra, o tratamento de sementes com fungicidas, inoculantes e/ou inseticidas específicos se torna uma ação importante.
Além de oferecer benefícios como um maior vigor inicial da semente, o tratamento favorece uma emergência mais uniforme e uma proteção da lavoura – contra pragas e doenças – no estágio mais vulnerável.
Monitoramento pós-plantio
Com o plantio de soja realizado, as atenções do agricultor devem se voltar ao monitoramento da lavoura, visando reduzir riscos por problemas que podem ocorrer no início do ciclo da soja.
Do ponto de vista de doenças, as podridões de raiz, como a phytophthora, tendem a ser uma das principais preocupações do agricultor. Entretanto, algumas outras podem gerar alertas no desenvolvimento da cultura. São elas:
• Podridão-de-carvão (Macrophomina phaseolina)
• Tombamentos, tanto por Rhizoctonia solani, quanto por Sclerotium rolfsii, ambos fungos
Na perspectiva de pragas da cultura, é importante que o produtor se atente, sobretudo, às lagartas desfolhadoras e percevejos, que podem comprometer o estande de plantas. As principais pragas que afetam a cultura nas fases de semeadura e emergência são:
• Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
• Percevejo castanho (Scaptocoris castanea)
• Bicudo ou tamanduá-da-soja (Sternechus subsignatus)
• Corós da soja, várias espécies de besouros
Quer saber em detalhes os danos que essas pragas causam? Leia mais neste artigo
Para evitar a matocompetição, que é um dos fatores que reduzem a produtividade da lavoura, o monitoramento de plantas daninhas também é uma ação recomendada no pós-plantio.
“O monitoramento após o plantio da soja garante uma intervenção rápida e assertiva, evitando perdas irreversíveis”, destaca Marcos Longaretti, gerente de desenvolvimento da GDM Seeds.
Principais recomendações no monitoramento pós-plantio
• Atenção às principais doenças de início de ciclo, como a phytophthora, bem como outras podridões e tombamentos
• Monitoramento constante da lavoura para evitar a presença de pragas da soja, como lagartas e percevejos, dentre outras
• Controle de plantas daninhas, que podem causar matocompetição
Conclusão
Cada uma dessas etapas cumpre um importante papel no final do ciclo: o de aumentar as chances de ter uma boa colheita e, por consequência, de obter mais rentabilidade na safra.
Por isso, é importante que o produtor, junto ao seu assistente técnico de confiança, busque sempre adotar as melhores práticas possíveis dentro da propriedade. “Temos que buscar dar condições para a semente germinar e para a planta se desenvolver com alta performance”, reforça Renato.
