Tecnologia de Aplicação – Nelson Harger, engenheiro agrônomo e professor, esclarece pontos importantes para a efetividade da operação

A tecnologia de aplicação vai muito além da pulverização de defensivos na lavoura e este assunto complexo merece ser explorado cada vez mais. Para isso, a DONMARIO convidou o engenheiro agrônomo e professor, Nelson Harger, que possui ampla experiência na área, para conversar sobre os avanços e os desafios deste processo tão importante para o plantio. 

O que define a Tecnologia de Aplicação é o emprego dos conhecimentos científicos para proporcionar o posicionamento correto do produto, de forma inteligente. Ou seja, aplicar a quantia necessária de forma que não contamine as outras áreas nem a saúde humana. Além disso, precisa ser econômica. Nelson explica o processo da seguinte forma: “É você pôr o agroquímico em contato com o agente biológico: com a planta daninha, as pragas ou as doenças das diversas culturas. Então, as técnicas da aplicação são utilizadas para você colocar o produto no alvo com o máximo de segurança e sem promover perdas por derivas e danos em outras atividades mais sensíveis, outras culturas mais sensíveis”, afirma.

Embora as técnicas de aplicação sejam utilizadas há muito tempo na agricultura, ainda existem diversos pontos a serem aperfeiçoados para um melhor resultado, não apenas de produtividade, mas também para o meio ambiente. “É preciso ter o melhor efeito possível dessas aplicações, a melhor eficiência. Existem várias questões: deriva é ineficiência; aplicou e uma parte do produto se perdeu? é ineficiência; causou danos em culturas sensíveis? é ineficiência. Então, a nossa aplicação deve ser o mais eficiente possível”, reitera o professor. 

E para aprimorar a eficiência deste trabalho, várias etapas precisam ser seguidas. O primeiro passo é conhecer efetivamente o alvo que se deseja atingir. Entender a maneira como ele vive e se distribui no ambiente é fundamental. Assim, é possível prever a melhor técnica de controle e qual o produto apropriado. Ainda assim, é possível dizer que isso é o básico, se tratando de um assunto tão complexo. Quando falamos de Tecnologia de Aplicação existem outros fatores que vão muito além disso. 

As condições ambientais, por exemplo, influenciam muito no processo e no espectro de gotas. Por isso, existem padrões e indicações para que a prática seja realizada da melhor forma. Nelson Harger cita algumas dessas recomendações. “Se eu tiver condições ambientais perfeitas para aplicação, ou seja, ventos de no máximo 5 km/h, temperaturas ambientais de 25°C, umidade relativa a 80%, eu posso utilizar gotas finas. Porém, normalmente, a nível de campo, a gente não tem as melhores condições ambientais para a aplicação, e o agricultor tem a necessidade de aplicar e não pode esperar as melhores condições. Mas, existem limites para você entrar na lavoura para aplicar. Existem condições estabelecidas, por exemplo: com ventos acima de 10 km/h, o risco de perdas aumenta muito. Temperaturas acima de 30°C resultam em perdas por evaporação. Ou seja, ao gerenciar o tamanho de gotas, isso está relacionado às condições ambientais”, reforça o engenheiro agrônomo. 

Uma dúvida frequente dos produtores é sobre o momento ideal para entrar com a aplicação dos insumos agrícolas na cultura, visto que, em diversos momentos do calendário agrícola, as ameaças naturais são uma preocupação. Além disso, elas são diversas e podem exigir tratamentos diferentes no manejo para um controle efetivo. Sobre isso, o professor esclarece o seguinte: “a aplicação é decorrente de uma atividade de monitoramento da lavoura. Então, você monitora, avalia e toma a decisão do melhor momento de iniciar. Existem parâmetros técnicos estabelecidos para entrar com as aplicações. Então, a partir do monitoramento de pragas, doenças e plantas daninhas a gente toma a decisão agronômica de iniciar ou não as aplicações e, iniciando as aplicações, fazê-las com a melhor eficiência possível”.

Outro ponto extremamente importante é o cuidado com o maquinário que será utilizado para o processo. “Nas máquinas, é preciso fazer a manutenção, não é só estar reguladas. Existem problemas de filtro e isso entope e causa problemas até de espaçamento. 40% dos espaçamentos de bicos não estão corretos. Então, é preciso estar acompanhando”, ressalta o engenheiro agrônomo e ainda reforça sobre a relevância de contar com acompanhamento e suporte técnico. “Existe uma necessidade de ter uma assistência técnica continuada. Ir na propriedade ver as aplicações, interferir, melhorar cada vez mais para que se tenha um crescimento na qualidade das aplicações. E esse é um assunto infinito. Você vai aperfeiçoando cada vez mais para ter, realmente, sucesso”.

Todo esse processo de aplicação de defensivos, para ser eficaz, deve ocorrer dentro de um planejamento, lembrando sempre dos cuidados a serem tomados a fim de evitar qualquer tipo de contaminação. Além disso, a preocupação com a poluição ambiental fortalece a necessidade de melhora nesta ação, visando por uma tecnologia que promova a preservação da vida. Ou seja, a evolução das técnicas precisa objetivar a maximização da eficiência das operações no dia-a-dia do agricultor, com resultados satisfatórios e maior rendimento econômico, sem causar problemas ao homem e ao meio ambiente.

O professor Nelson Harger finaliza sua entrevista falando sobre sua visão dos próximos anos para a Tecnologia de Aplicação. “Eu acho que nós vamos ter uma revolução, se já não está acontecendo. Nós vamos ter grandes mudanças. A gente percebe isso no campo: máquinas mais eficientes, barateamento de pontas de pulverização, mais segurança para o aplicador, produtos mais eficientes e com toxicidade menor, avanços de técnicas integradas de manejo de pragas, doenças e plantas daninhas, etc. Em técnicas de aplicação, o interesse está cada vez maior. Nós vamos ter, só que hoje quando vamos avaliar o campo, infelizmente, ainda vemos muitos problemas”, reflete o professor que também conclui:


É preciso entender a particularidade do talhão. A agricultura é uma indústria a céu aberto: tem muitas variáveis.

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