O que é o vazio sanitário e qual é o seu calendário em 2024?

Sendo uma das principais medidas de controle da ferrugem-asiática na soja, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) define o vazio sanitário como o período contínuo de, pelo menos, 90 dias em que não se pode plantar e nem manter vivas plantas de soja em qualquer fase de desenvolvimento. 

E, apesar da prática se aplicar ao controle de pragas e doenças de algumas culturas, é no combate à ferrugem-asiática da soja que o vazio sanitário ganha maior relevância no país, de forma geral.

Isso porque a medida é a mais importante para o controle da doença, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. De acordo com o doutor em fitopatologia, Ricardo Casa, a ferrugem-asiática é considerada a doença foliar mais relevante da cultura da soja no Brasil como um todo.

“É um fungo com potencial de agressividade muito alto e que leva à desfolha da planta rapidamente, com cerca de 15 a 20 dias”, aponta. De acordo com o Mapa, os danos pela doença podem variar de 10% a 90% da produção.

Calendário de vazio sanitário da soja em 2024

Visando o controle da ferrugem-asiática, no dia 15 de maio de 2024, o Mapa publicou a Portaria nº 1.111, que estabelece os períodos de vazio sanitário e de calendário de semeadura da soja na safra 2024/25 para todo o Brasil.

Confira o calendário de vazio sanitário da soja em 2024:

Bahia: 26 de junho a 24 de setembro

Distrito Federal: 1 de julho a 30 de setembro

Goiás: 27 de junho a 24 de setembro

Maranhão:

  • Região I: 3 de julho a 30 de setembro
  • Região II: 3 de agosto a 31 de outubro
  • Região III: 2 de setembro a 30 de novembro

Minas Gerais: 1 de julho a 30 de setembro

Mato Grosso: 8 de junho a 6 de setembro

Mato Grosso do Sul: 15 de junho a 15 de setembro

Pará: 

  • Região I: 15 de junho a 15 de setembro
  • Região II: 1 de agosto a 31 de outubro
  • Região III: 15 de agosto a 15 de novembro

Paraná:

  • Região I: 21 de junho a 19 de setembro
  • Região II: 2 de junho a 31 de agosto
  • Região III: 22 de junho a 20 de setembro

Piauí:

  • Região I: 1 de setembro a 30 de novembro
  • Região II: 1 de agosto a 31 de outubro
  • Região III: 1 de julho a 29 de setembro

Rio Grande do Sul: 3 de julho a 30 de setembro

Rondônia: 10 de junho a 10 de setembro

Santa Catarina: 

  • Região I: 4 de julho a 12 de outubro
  • Região II: 4 de julho a 1 de outubro
  • Região III: 4 de julho a 31 de agosto
  • Região IV: 4 de julho a 1 de outubro

São Paulo:

  • Região I: 1 de junho a 31 de agosto
  • Região II: 12 de junho a 12 de setembro
  • Região III: 15 de junho a 15 de setembro

Tocantins: 1 de julho a 30 de setembro

Como ocorre a infecção da ferrugem-asiática?

O patógeno causador da doença é disseminado através de uredosporos – como se fossem as “sementes” do fungo – que ficam na planta infectada. Eles, por sua vez, são levados pelo vento, o que os permite entrar em contato com outras plantas de soja e as infectar. 

Assim, o objetivo de se definir um período em que nenhuma planta viva de soja poderá estar emergida é diminuir as possibilidades de infecção do fungo e, consequentemente, reduzir o inóculo da doença, visando minimizar seus efeitos na safra seguinte.

O fungo da ferrugem é biotrófico, ou seja, se alimenta de tecido vivo. Isso significa que a infecção ocorre apenas em plantas vivas de soja. 

Com a determinação do período em que o cultivo da cultura é proibido, a maior possibilidade de infecção da ferrugem está nas plantas voluntárias de soja, também conhecidas como guaxas ou tigueras. E é sobretudo nelas que o produtor precisa se atentar.

“Se essa planta voluntária não morrer pela geada, ela continuará viva e carregando o inóculo da ferrugem. Então, em invernos que não são rigorosos, temos um maior número de plantas voluntárias sobrando”, destaca Ricardo. Assim, esse inóculo começa a ser transportado dessas regiões mais quentes para as mais frias.

Uma vez em contato com a planta, o fungo precisa de condições adequadas para iniciar o processo de infecção. Segundo Ricardo, temperaturas na faixa de 20 a 22 graus, aliadas com molhamento próximo de 12 horas de chuva ou orvalho, são ideais para a infecção. 

“Em 7 a 8 dias o fungo consegue fazer uma geração, ou seja, ter um uredosporo que atinja a folha e faça a germinação, penetração, colonização e produção de sintomas e pústulas. É um processo muito rápido”, explica.

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Medidas de controle da ferrugem-asiática

Dessa forma, quanto mais cedo o produtor plantar, dependendo da região e da quantidade de inóculo ali presente, menores as chances de o patógeno atingir as plantas, causar os sintomas e se reproduzir. 

Esse escape, uma das medidas de controle da doença, pode ser buscado através do uso de cultivares precoces ou superprecoces.

Outra ação a ser tomada visando o controle da ferrugem-asiática é o uso de cultivares resistentes à doença. “Existem materiais que possuem um nível menor de ferrugem, pois terão lesões menores, menos pústulas por lesão e menos uredosporos por pústula”, indica Ricardo. 

Conforme o gerente de desenvolvimento da GDM Seeds para a M2, Carlos Martinelli, o principal material com esse perfil atualmente para a DONMARIO é DM56I59RSF IPRO. A cultivar, adaptada principalmente para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e regiões mais frias do Paraná, traz uma maior facilidade no manejo da doença devido à sua tolerância genética.

“O material oferece ao produtor uma maior flexibilidade na janela de aplicação de fungicida, em anos mais chuvosos, com maior dificuldade de entrada na aplicação. E se em algum momento a aplicação não tiver a condição ideal, a cultivar terá maior tolerância frente a materiais que não tenham tolerância à doença”, comenta. 

Mesmo com esse diferencial genético com relação à ferrugem, Carlos destaca que a necessidade de monitoramento da lavoura e aplicação de fungicidas não é eliminada.

Aliado a isso, DM56I59RSF IPRO traz um alto teto produtivo e uma ótima estabilidade no campo.

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A importância do vazio sanitário como uma medida de controle da ferrugem

Apesar do agricultor ter algumas alternativas para a mitigação da doença, como as citadas acima, a principal forma de controle é preventiva. E isso é feito, sobretudo, através do vazio sanitário. 

“É fundamental o produtor ter consciência da importância do vazio sanitário, entendendo que, se há uma ponte verde, ele precisa eliminá-la. Pois ter a doença é gerar um problema para ele mesmo controlar depois”, afirma.

De acordo com o gerente de desenvolvimento da GDM Seeds na M5, Maicon Rosin, para minimizar o surgimento de plantas voluntárias na lavoura, o produtor deve se atentar à regulagem da colheitadeira. “Quanto mais sementes são jogadas no solo, mais plantas voluntárias de soja teremos”, resume.

Conforme Carlos, deve haver um monitoramento das plantas voluntárias de soja que sobraram da lavoura. Tendo plantas, deve ser feito o controle, seja químico ou mecânico. Em algumas regiões, a geada atuará como um controle natural.

“No plantio direto, o manejo químico é a forma mais eficiente de controle. Para plantas de soja resistentes ao glifosato, o produtor costuma usar produtos dessecantes de contato para a eliminação”, cita. Em propriedades que não costumam fazer o plantio direto, a gradagem surge como alternativa para revolver o solo e controlar as plantas voluntárias.

“Se o produtor fizer uma segunda safra após a soja, naturalmente o manejo dessas plantas será feito. Mas em propriedades que ficam em pousio, precisa haver uma entrada para controle dessa soja que restou”, menciona Maicon.

E se o vazio sanitário não for feito adequadamente?

Caso a ponte verde para o fungo não seja devidamente eliminada, o agricultor pode contar com algumas consequências. Uma delas é a multa gerada através da fiscalização do poder público em propriedades que descumpram a medida de uso do vazio sanitário.

Também existem consequências dentro da safra. “A principal delas é o aumento do inóculo, o que gera uma necessidade por um maior uso de produtos químicos fungicidas”, comenta Carlos. 

Esse fator, por sua vez, deverá gerar um incremento no custo de produção da lavoura, devido ao maior número de aplicações. Caso elas não sejam feitas, a lavoura poderá ter um aumento na pressão da doença, causando mais perdas de produtividade.

Outra possível consequência que surge com o aumento da pressão do inóculo e do maior uso de fungicidas para controle é a redução da eficiência dos produtos disponíveis no mercado.

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Contexto da ferrugem-asiática nesta safra

Conforme Ricardo, nos últimos anos, a doença foi prevalente no Sul do Brasil. Entretanto, foi na safra 2023/24 que ela ganhou outros contornos, tendo sido registrada com mais frequência e intensidade.

“A ferrugem contribuiu com a redução da área foliar e causou danos relevantes, principalmente nas regiões que semearam mais tarde, como a região do Planalto e de Vacaria, no Rio Grande do Sul, de Campos Novos, em Santa Catarina, e de Guarapuava e Ponta Grossa, no Paraná”, acrescenta o fitopatologista.

Para as regiões que semearam mais cedo no Sul do país, a doença foi registrada com menor intensidade devido às possibilidades de escape e antecipação da colheita.

Segundo Carlos, da metade do Paraná para cima, em regiões mais baixas e mais quentes, houve menor pressão da doença devido às altas temperaturas e à escassez de chuvas. 

“No início do ciclo, de outubro até metade de novembro, tivemos condições de chuva e temperatura que favoreceram a ferrugem. Porém, dezembro e janeiro foram meses secos, o que quebrou o ciclo da doença, que não foi eliminada, mas acabou sendo amenizada em virtude dessa condição quente e seca”, relata.

Estados como São Paulo e Mato Grosso do Sul tiveram a presença da doença, mas em menor intensidade e ocorrência se comparado ao Sul devido à condição de calor e escassez hídrica vista em algumas regiões. 

Já no Cerrado, de forma geral, não houve ocorrência relevante do fungo. “Apesar de todo ano nós ouvirmos falar sobre a aparição do inóculo da ferrugem-asiática em estados como Mato Grosso, Goiás, Tocantins, atualmente não temos uma pressão elevada no Cerrado pela doença”, indica Maicon.

Em regiões da M4 e M5, outras doenças ganham o foco principal do agricultor, como a mancha-alvo, cercosporiose, antracnose, anomalia das vagens, entre outras. “Em regiões como essas, a ferrugem ficou praticamente secundária”, atesta Ricardo.

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