Plantabilidade: Como alcançar qualidade no plantio da soja?

 em Manejo, Manejo Certo

A construção da produtividade de uma safra passa por vários pilares, todos interligados. Um destes importantes pilares é a qualidade de semeadura, definida pelo termo Plantabilidade. Segundo o especialista Paulo Arbex , professor da UNESP e especialista em plantabilidade de grandes culturas, a definição desse termo é: “a capacidade de distribuir sementes no sulco de plantio de modo uniforme, com a máxima equidistância possível e na profundidade adequada, com o objetivo de atingir o estande desejado de plantas”.

Para garantir que este objetivo seja alcançado, é fundamental que o agricultor se atente a alguns pontos como as condições de solo do talhão, analisando textura, zonas de umidade disponível no sulco de semeadura e volume de palha em superfície;  profundidade de distribuição do fertilizante; profundidade de distribuição de sementes; fechamento adequado de sulco e regulagem ajustada das rodas compactadoras.

Todos estes aspectos possuem influência direta no processo de regulagem da semeadora, uma vez que a semente de soja deve ser depositada na fração do sulco capaz de fornecer água suficiente para a semente nas primeiras 12 horas após o contato com o solo.

Alocação correta de sementes: Zona úmida do sulco capaz de fornecer água no período necessário para embebição.

Foto 1: Alocação correta de sementes: Zona úmida do sulco capaz de fornecer água no período necessário para embebição.

VELOCIDADE DE SEMEADURA

Quando falamos sobre a velocidade de semeadura, vários fatores devem ser considerados para que o produtor obtenha a melhor distribuição de sementes no solo e, consequentemente, um melhor estabelecimento de plantas na linha.

Um dos pontos está relacionado a densidade do plantio de cada cultivar. Temos uma grande variação na recomendação de sementes por metro linear, como por exemplo: alguns materiais possuem recomendação de 10 sementes por metro linear e outros em que a recomendação ultrapassa 20 sementes por metro linear. Considerando um material com recomendação de 22 sementes por metro linear, à uma velocidade de semeadura de 9 km/h (2,5 metros/segundo), temos 55 sementes passando pelo tubo condutor e chegando ao solo a cada segundo, tornando muito difícil o estabelecimento da equidistância entre sementes no sulco de semeadura.

O grau de tecnologia do maquinário é outro fator que precisa ser considerado. Semeadoras pneumáticas proporcionam acréscimo de qualidade de distribuição em relação a semeadoras de disco horizontal e permitem velocidade um pouco maior, no entanto sem que ocorra excessos. Dados nos trazem a seguinte informação: Para sistemas dosadores mecânicos horizontais, a velocidade ideal deve estar ajustada entre 4 a 6 km/h. Para sistemas dosadores pneumáticos a velocidade pode chegar ao máximo de 8 km/h, para garantir boa distribuição.

CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE SEMEADURA

É importante também conhecer as características da região em que está inserido, como: ocorrências históricas de chuvas torrenciais, temperaturas médias elevadas ou mesmo temperaturas demasiadamente baixas.

Chuvas torrenciais após a semeadura, seguida de dias de sol forte podem ocasionar o selamento da camada superficial do solo e assim a plântula não consegue emergir.

Quanto a temperatura de solo, segundo a especialista Maria de Fátima Zorato, o ideal é que a semente encontre temperaturas entre 21°C a 32°C para germinação em até 7 dias. Em temperaturas de solo baixas – entre 13°C e 21°C – as sementes germinam, porém demoram mais tempo para isso. Por outro lado, temperaturas de solo muito elevadas – acima de 35°C – promovem a perda acentuada de vigor da semente, desuniformizando a emergência e o estande de plântulas.

É importante destacar que, se em uma determinada propriedade as condições históricas têm sido desfavoráveis, o agricultor deve optar por algumas estratégias para melhorar a condição de semeadura, as quais discutiremos a seguir.

Investimento em massa vegetal de cobertura: a formação de palhada em suficiência minimiza o impacto de gotas sobre a superfície do solo e reduz as variações de temperatura. É valido colocar que o agricultor deve atuar criteriosamente no tensionamento das molas dos discos de corte para garantir a boa plantabilidade em áreas com bom índice de massa vegetal em cobertura.

Semeadura em palhada de milho e profundidade ajustada (3 cm).

Foto 2: Semeadura em palhada de milho e profundidade ajustada (3 cm).

Semeadura em palhada de feijão e profundidade entre 5 e 6 cm.

Foto 3: Semeadura em palhada de feijão e profundidade entre 5 e 6 cm.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Investimento em matéria orgânica do solo (MOS): Em solos densos e/ou com teor de argila/silte elevados, a MOS contribui substancialmente para o processo de emergência, proporcionando o melhor arranjo dos agregados do solo – aspecto esponjoso – e em consequência, proporciona o rompimento facilitado da superfície do solo por parte das plântulas;

Solo com alto teor de argila, baixo teor de MOS e ocorrência de chuva torrencial pós semeadura.

Foto 4: Solo com alto teor de argila, baixo teor de MOS e ocorrência de chuva torrencial pós semeadura.

Plântulas que conseguiram emergir (alto gasto de energia).

Foto 5: Plântulas que conseguiram emergir (alto gasto de energia).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Umidade disponível: é nítido que o processo de semeadura deve ocorrer com umidade disponível no solo. Em algumas propriedades, a elevada relação quantidade de área plantada/operacional deficitário, faz com que o agricultor arrisque plantios com umidade muito abaixo do necessário para embebição das sementes. Ao permear o solo, a semente em contato com a temperatura e a pouca umidade disponível, inicia a embebição e remobilização de reservas, começando o seu processo germinativo. O agravante é que se a umidade não for suficiente e não ocorrerem chuvas dentro de 3 a 5 dias, o vigor de sementes decresce significativamente, e a quantidade de falhas no estande serão percebidas com facilidade;

Baixa umidade e sol forte: Folhas cotiledonares com aproximadamente 40% de desgaste antes da emissão das folhas unifolioladas.

Foto 6: Baixa umidade e sol forte: Folhas cotiledonares com aproximadamente 40% de desgaste antes da emissão das folhas unifolioladas.

Regulagem adequada de profundidade: deve-se buscar colocar a semente a 3 cm de profundidade para favorecer a emergência rápida.

Plântula com hipocótilo engrossado: sintoma de dificuldade de emergência.

Foto 7: Plântula com hipocótilo engrossado: sintoma de dificuldade de emergência.

Profundidade inadequada aliada a temperatura elevada da região (perda acentuada de vigor e falhas de estande).

Foto 8: Profundidade inadequada aliada a temperatura elevada da região (perda acentuada de vigor e falhas de estande).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vigor de sementes: O percentual de vigor diz respeito ao percentual de sementes capazes de se tornarem plântulas normais sob condições desfavoráveis. Tanto para condições de temperatura desfavoráveis, quanto para condições de ocorrência de chuvas torrenciais, o alto vigor de sementes é algo que precisa ser lembrado, pois lhe proporcionará segurança nesta fase tão importante da cultura.

O agricultor conhece o potencial de rentabilidade que uma lavoura bem conduzida pode lhe trazer, mas também conhece os seus custos de produção e sabe que os riscos precisam ser minimizados. Para isto a DONMARIO Sementes está junto com o agricultor, trazendo as informações técnicas que lhe auxiliam na tomada de decisões mais precisas e que permitem o máxima produtividade de nossas cultivares.

Eng°. Agr. Marcelo Moraes (Supervisor Técnico de Desenvolvimento DONMARIO)

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