Agricultura de precisão: ferramentas e implementação

Um modelo de gerenciamento que considera as variabilidades da lavoura, otimizando lucros, minimizando riscos ambientais e estimulando a competitividade

Quando se fala em Agricultura de Precisão (AP), a ideia que vem à mente da maioria dos produtores está associada ao uso de máquinas e equipamentos de tecnologia sofisticada e de alto custo. Porém, este é um conceito equivocado. A AP, em uma definição resumida, consiste na gestão da lavoura que considera  as características espaciais e temporais da terra como não uniformes, para que o máximo potencial produtivo seja alcançado, com o mínimo de impacto ambiental.

Basicamente, trata-se de conhecer as diferenças de cada pedaço da fazenda, sejam atributos agronômicos, climáticos, entre outros, e agir de acordo com as necessidades em cada área. Essa ação pontual possibilita, por exemplo, a redução de custos com insumos, já que estes serão aplicados, exatamente e na quantidade adequada, nos locais onde são necessários.

Ter consciência exata das variações da lavoura torna a tomada de decisão muito mais fácil e segura. Diversas informações sobre variabilidade dão suporte às escolhas do produtor. A implementação desse modelo de gerenciamento é mais simples do que se pensa e pode ser aplicada a empreendimentos agrícolas de qualquer porte, trazendo resultados efetivos.

Implementação

Portanto, vale dizer que o único requisito para a implementação da AP é uma percepção aguçada do produtor, que, a partir de seu conhecimento empírico sobre a sua propriedade, deve agir no sentido de otimizar o manejo. Isso pode ser realizado com base em anotações, registros e observações assíduas sobre a lavoura. As tecnologias auxiliam nesse processo, coletando, armazenando e interpretando dados, mas são apenas instrumentos.

Assim, considera-se que a AP é feita em três passos: inicia-se com a leitura da propriedade, que consiste, de fato, no levantamento e obtenção de dados; a segunda etapa é realizada partindo para a interpretação destes dados, com a definição de um planejamento das ações localizadas (que considerem as variáveis); e, por último, esse plano é executado. Quando estas três etapas são completadas, elas devem se repetir, em ciclo, visando o aprimoramento contínuo do manejo aplicado. Por isso, a implementação é possível em qualquer etapa do ciclo da soja, todavia, o ideal é que tenha início com o preparo do solo para o plantio, que é a base de tudo.

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Ferramentas

Um dos principais diferenciais da AP em relação aos demais ciclos de controle convencional é a atuação localizada e a obtenção dos dados com precisão, não baseados apenas em médias fixas. A análise e planejamento são realizados sobre mapas que determinam características como fertilidade do solo, potencial produtivo, índices de infestação de insetos, etc.

Para cada subárea da propriedade a aplicação de fertilizantes, corretivos, adubação e irrigação será variável, criando unidades de gestão diferenciadas. Os mapas são, então, ferramentas fundamentais para um manejo preciso, que podem ser agrupados na primeira e na segunda etapa da implementação da AP. Este sistema de aplicação de insumos à taxa variável permite que os recursos sejam melhor aproveitados.

Ainda na fase de leitura da propriedade, análises de solo poderão ser úteis. Atualmente, as tecnologias de amostragem de solo em grades georreferenciadas são usadas, pois, orientam a obtenção das amostras e, posteriormente, a determinação de zonas de manejo. A amostragem do solo permite que seja feito um mapeamento das variabilidades da lavoura, tendo em vista os principais atributos do solo, que vão determinar seu potencial produtivo.

Na etapa de execução do planejamento, ainda é possível fazer a leitura da lavoura. Existem máquinas que utilizam a eletrônica embarcada e oferecem um sistema de telemetria, que facilita o monitoramento remoto em tempo real e a gestão de dados das colhedoras. A análise destes dados poderá, assim, determinar a produtividade. Na AP, os sistemas dedicados, com sistemas eletrônicos embarcados, são capazes de otimizar a aplicabilidade das máquinas e implementos agrícolas. Existem softwares desenvolvidos especialmente para o gerenciamento de dados provenientes da gestão agrícola.

Estas são algumas das tecnologias que podem ser adotadas na implementação da AP em sua propriedade, sempre com a ressalva de que o foco desse tipo de manejo é enxergar o campo como algo heterogêneo. Uma agricultura mais responsável é o grande desafio para a produção de alimentos a nível mundial. Por isso, a AP é considerada o caminho para que o propósito de oferecer uma alternativa à degradação ambiental em larga escala seja atendido. E, ainda, servir como estímulo à competitividade no agronegócio.

E você, está pensando em aplicar a Agricultura de Precisão na sua propriedade? Conte-nos sobre as técnicas que pretende utilizar no manejo da lavoura.

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