Tudo sobre dessecação da soja: quando e como fazer?

A dessecação da soja destaca-se com um dos principais manejos fitotécnicos dessa cultura. Esse manejo é uma ferramenta muito útil na melhoria e eficiência da colheita da soja, assim como da próxima safra a ser implementada. 

Nesse contexto, é fundamental entender o momento correto, os herbicidas que podem ser utilizados e outros pontos que devem ser considerados nessa etapa.

Esses e demais aspectos são detalhados neste presente artigo, assinado por Roque de Carvalho Dias, Engenheiro Agrônomo, Doutor em Proteção de Plantas e Professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), e Karolayne Mutima Medeiros, discente do curso de Agronomia da UFTM.

O objetivo é esclarecer todos esses pontos essenciais para a realização de uma dessecação adequada e atingir a melhor colheita de soja.

Acompanhe a seguir.

O que é a dessecação da soja e qual sua importância?

Uma das etapas mais importantes no ciclo produtivo da soja é a colheita e sua época ideal para ocorrer. Quando o objetivo é a produção de grãos, a umidade dos grãos ainda é próxima a 55%, o que inviabiliza a colheita mecanizada. 

Nesse caso, a opção em manter as plantas em campo para que haja naturalmente a perda de umidade dos grãos as expõe a agentes climáticos, fitopatológicos e entomológicos, o que pode acarretar grandes perdas na produtividade e qualidade do produto.

Dessa forma, a dessecação da soja é uma técnica dentro do manejo na cultura, que utiliza moléculas herbicidas, visando antecipar a colheita de forma rápida e eficiente.

A dessecação em pré-colheita da soja é realizada principalmente com o intuito de uniformizar a maturação das plantas, antecipar a colheita, controlar plantas daninhas e reduzir a perda da qualidade das sementes.

Momento ideal para a dessecação da soja

O momento certo para iniciar a dessecação da soja é dependente de marcadores de maturação. 

Segundo Cardoso e Perissato (2025), quando o objetivo é a produção de grãos, a prioridade é produtividade, então o momento ideal é no estádio R7.3, conhecido como ponto de maturidade fisiológica. 

Nesse estádio, o grão se desconecta da vagem, o que significa que o peso de mil grãos (PMG) já está definido. 

Os marcadores para esse estádio são:
• Aproximadamente 75% das folhas da planta apresentando coloração amarela;
• Início de desfolha;
• Vagens amarelas ou com pontuações escurecidas (variável com a cultivar);
• Sementes completamente amarelas e com teor de água em torno de 55%.

Contudo, as pesquisadoras ressaltam que, quando o foco é a produção de sementes, o posicionamento da dessecação deve ter por objetivo a qualidade de sementes. 

Assim, sementes de soja, mesmo após atingir a maturidade fisiológica (R7.3), permanecem se beneficiando de mudanças internas que garantem maior longevidade, o que é crucial para assegurar a germinação e o vigor das sementes ao longo do tempo. 

As autoras destacam que, de acordo com pesquisas recentes, esse parâmetro de qualidade fisiológica de sementes de soja é adquirido progressivamente durante a maturação e maturação tardia, sendo a máxima longevidade no estádio R9. 

Portanto, a maturidade fisiológica não coincide com o máximo acúmulo de qualidade fisiológica.

Figura 1. Marcadores de maturação na cultura da soja.

Herbicidas para dessecação da soja

Atualmente, os produtos registrados e recomendados no Brasil (MAPA, 2025) para a dessecação são o carfentrazone-ethyl, diquat, flumioxazin, saflufenacil e o glufosinato de amônio.

Ressaltamos que é fundamental o monitoramento da área e verificação do momento ideal para a dessecação, condição ambiental para a aplicação, quais espécies de plantas daninhas presentes na área e o intervalo de plantio para a cultura subsequente. 

Dessa forma, é possível a aplicação do produto ou a combinação entre moléculas, potencializando, assim, a dessecação da soja e o controle de plantas daninhas.

É importante que a recomendação e orientação técnica de produtos fitossanitários sejam feitas por um agrônomo. Mas, você deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar a recomendação profissional.

Cuidados com a dessecação da soja

Como citado anteriormente, a dessecação da soja traz inúmeros benefícios para a produção de soja. Entretanto, são necessários alguns cuidados para que realmente se obtenha o máximo dessas vantagens, dentre eles:
• O planejamento prévio ao manejo de dessecação, com intuito de verificar questões como o operacional suficiente para colher a área dessecada em pouco tempo. Caso contrário, haverá abertura das vagens, por exemplo, provocando perdas indesejadas ao produtor;
• A época de aplicação, que deve ocorrer no momento correto, independentemente se o destino for grão ou semente. Por exemplo, em aplicações antecipadas, pode-se reduzir o potencial produtivo da lavoura, devido à incompleta maturação fisiológica. Por outro lado, o atraso da colheita após a dessecação pode acarretar a abertura das vagens, na formação de grãos ardidos ou mofados e na germinação do grão de soja ainda na planta;
• A escolha do herbicida e dose recomendada, de acordo com as possíveis associações. Alguns desses produtos usados como dessecantes, como o diquat e o glufosinato de amônio, são considerados herbicidas não seletivos, ou seja, têm ação ampla, eliminando praticamente todas as plantas com as quais entram em contato. Assim, são importantes os cuidados em evitar a deriva durante a aplicação e prejudicar as lavouras vizinhas;
• A tecnologia de aplicação, como escolha da ponta e volume de calda. É importante ter em vista que alguns dos herbicidas são de contato, ou seja, atuam próximo ou no local em que penetram nas plantas, necessitando, assim, de uma boa cobertura.

Por fim, é preciso verificar a previsão das condições climáticas, pois a ocorrência de chuvas e dias nublados podem influenciar na atuação desses herbicidas na planta.

Vale obter mais informações no portal Sistema de Agrotóxicos Fitossanitário, fornecidas pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 

Você também pode obter orientações completas sobre os principais desafios da colheita de soja neste guia, como planejamento, marcadores de maturação, metodologias para monitoramento e muito mais.

Contatos:
• Roque de Carvalho Dias: roque.dias@uftm.edu.br
• Karolayne Mutima Medeiros: karolaynemedeiros55@gmail.com

 

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