Muito além da produtividade: os fatores que auxiliam a decisão de qual cultivar de soja plantar

Em um momento desafiador para a cultura no país, se faz necessário maximizar a eficiência dentro da propriedade – e isso passa pela escolha correta de qual cultivar colocar no campo

Seja por efeitos causados pela falta de chuvas, na maior parte do país, ou pelo excesso de umidade, sobretudo na região Sul, a safra de soja de 2023/24 se apresenta de forma desafiadora para o agricultor brasileiro. De acordo com levantamento realizado em março, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa de produção foi novamente reduzida e alcançou 146,8 milhões de toneladas, valor 5% abaixo da safra passada. Somado ao clima, influenciado por um histórico El Niño, o produtor também observa uma redução nos preços da oleaginosa, o que faz com que muitos agricultores trabalhem com margens de lucratividade cada vez menores.

Nesse contexto, a busca pela máxima eficiência dentro da propriedade se faz essencial. “Temos cada vez menos chance de errar. Existem fatores que fogem do nosso controle, como o clima, mas dentro do que podemos controlar, precisamos ser cada vez mais assertivos na escolha da cultivar e nos aspectos que irão maximizar a chance de sucesso na lavoura, que são o ajuste de época de plantio, fertilidade, população de plantas e escalonamento de semeadura”, afirma o coordenador de desenvolvimento de mercado da DONMARIO Sementes no Sul, Felipe Bianchessi. Mas, para realizar o correto posicionamento, o agricultor precisa primeiro escolher a cultivar a ser plantada. Para isso, alguns fatores, além do potencial produtivo, precisam ser levados em consideração.

Ciclo da cultivar

Para o coordenador de desenvolvimento de mercado da DONMARIO no Cerrado, Arthur Cruvinel, o ciclo é um dos principais pontos que influenciam na escolha de uma cultivar, sobretudo pela possibilidade de ampliação da janela de segunda safra, realidade fortemente presente em diversos estados brasileiros. “Produtores que trabalham com algodão ou milho em algumas regiões do Goiás e Mato Grosso demonstram maior preferência por materiais precoces de soja, com cerca de 96 a 110 dias de ciclo, em média. Acima disso, a implementação da segunda safra pode ficar comprometida. Em regiões como essas, materiais mais tardios, com cerca de 115 a 120 dias, costumam ser demandados para quem procura maior estabilidade e segurança na safra de soja, mas sem a realização da safrinha ou com uma segunda safra de menor potencial produtivo”, comenta.

Mas tão importante quanto a escolha do ciclo é o plantio da cultivar em sua janela correta. “Recentemente, presenciei o caso de um produtor que plantou um material no dia 30 de setembro e, por causa de chuvas, conseguiu plantar o resto apenas no dia 9 de outubro. No fim, a área semeada fora da janela ideal teve uma diferença de 10 sacas por hectare a menos de produtividade para o restante da lavoura”, relata. Segundo Arthur, existem alguns materiais que toleram uma abertura de plantio mais antecipada, então juntamente com a escolha adequada desses materiais, é necessário um posicionamento para a situação específica do agricultor.

Para reduzir os riscos de perdas de produtividade na lavoura, o escalonamento de semeadura se apresenta como uma ferramenta útil para o agricultor. “Escalonar produtos com diferentes grupos de maturação em variadas janelas de semeadura faz com que os agricultores consigam mitigar riscos climáticos, uma vez que para cada época de semeadura, existe um ciclo mais adequado. Com isso, o ajuste dos grupos frente às janelas de plantio aumenta a assertividade no resultado da lavoura”, aponta Felipe.

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Características do solo

Para atingirmos a máxima assertividade na escolha e posicionamento de uma cultivar de soja, o produtor precisa conhecer sua área. Para isso, a análise de solo se apresenta como um importante instrumento para gerar um diagnóstico das especificações dos talhões de uma propriedade. “Se o agricultor tem pleno conhecimento da condição do solo que há em sua propriedade, conseguimos ofertar genética que vai o auxiliar na otimização de seu resultado. Se ele entender que o seu solo é de média fertilidade, por exemplo, será posicionado um produto para este nível de fertilidade – e o mesmo vale para as duas outras pontas”, ressalta Felipe.

De acordo com Arthur, em solos mais arenosos, propensos à lixiviação de nutrientes, o produtor deve priorizar o plantio de materiais mais rústicos, para visar um aumento da segurança na lavoura. “Pensando em solos arenosos, de forma geral, o produtor pode visar grupos de maturação mais longos, que trarão maior estabilidade na produção”, comenta. Já para solos argilosos, ou com maior nível de fertilidade, Arthur sugere a utilização de ciclos curtos. “Materiais de grupos de maturação precoces poderão ampliar o potencial de uma segunda safra em determinadas regiões”, aponta.

Histórico de pragas, doenças e plantas daninhas

A safra de 2023/24 no Rio Grande do Sul foi marcada pela alta incidência da ferrugem asiática, favorecida pelo clima quente e úmido. Nesse cenário, materiais que estão presentes no Sistema Defense da DONMARIO, ou seja, com tolerância à ferrugem asiática e resistência à podridão radicular de phytophthora, se destacaram. Foi o caso de DM56I59RSF IPRO. “Com uma pressão de ferrugem tão grande como a que ocorreu nesta safra, esse fator genético fez a diferença na lavoura, fazendo com que a cultivar entregasse boas produtividades, no geral”, menciona Felipe. Esse exemplo ilustra como o pacote fitossanitário de um material também é um importante fator para balizar a escolha do agricultor.

Junto ao histórico de doenças, o produtor também deve levar em consideração o histórico de pragas e de plantas daninhas daquela propriedade e, conforme a necessidade, escolher a cultivar com a biotecnologia que melhor o auxilia no problema em questão. “Quando pensamos em proteção a lagartas, constatamos uma evolução das cultivares da plataforma Intacta2 Xtend® em relação aos materiais IPRO. Agregando a isso, as variedades I2X ainda permitem o uso de dicamba para o auxílio no manejo de plantas daninhas. Já materiais com a tecnologia Conkesta E3®, além de também oferecerem proteção a diversas espécies de lagartas, ainda possibilitam o uso de 2,4-D sal colina, glifosato e glufosinato”, pontua.

Histórico de nematoides

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nematologia, os nematoides causam prejuízos anuais de aproximadamente R$ 16 bilhões na cultura da soja. Portanto, é seguro dizer que o combate a esses parasitas consiste em um dos principais desafios da agricultura brasileira. E com prejuízos potenciais tão relevantes, é comum, sobretudo no Cerrado, que a decisão de qual material plantar também passe pela sua resistência a uma ou mais espécies de nematoides. No Brasil, o nematoide de cisto (Heterodera glycines) é uma das espécies mais prevalentes, junto com o nematoide das galhas (Meloidogyne javanica e M. incognita) e com o nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus). “Se observarmos o portfólio de soja da DONMARIO no M3, M4 e M5, perceberemos que mais de 70% das cultivares presentes nas regiões possuem resistência a pelo menos uma espécie de cisto. Por conta desse amplo nível de segurança, sentimos confiança nos produtores que possuem essa demanda”, acrescenta Arthur.

SOJA: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DE SAFRA

Opções para atender às mais diversas demandas

Seja para a região Sul ou para o Cerrado, o agricultor conta com um leque de opções no portfólio de soja da DONMARIO Sementes para aumentar a rentabilidade da lavoura dentro da sua realidade. Para o M3, M4 e M5, segundo Arthur, o produtor conta com um amplo leque de grupos de maturação, que variam do 6.8 ao 8.3, atendendo a diversas demandas em relação ao ciclo. “Pensando em teto produtivo, as cultivares DONMARIO figuram entre as principais do mercado sojícola brasileiro atualmente. Então o produtor pode contar com materiais de alta performance, tanto com as novas biotecnologias, como a Intacta2 Xtend® e a Conkesta E3®, quanto com a Intacta RR2 PRO®”, afirma.

“Em uma linha de material que traz mais segurança e estabilidade pensando em um ciclo mais tardio, há DM78IX80RSF I2X, cultivar lançamento, e DM79I81RSF IPRO, material amplamente utilizado no Cerrado. Se o produtor procura materiais ainda mais rústicos, visando áreas de menor investimento, temos materiais como DM80I85RSF IPRO e DM82I78RSF IPRO”, cita. Caso o produtor vise materiais de ciclos precoces ou médios, visando ampliação da janela de segunda safra, há as opções de DM72IX74RSF I2X e DM74K75RSF CE, novidades no portfólio, e DM73I75RSF IPRO, já consolidado no mercado. “Então temos um cenário para atender a todas as realidades do Cerrado brasileiro”, indica.

Quando descemos o Brasil rumo às macrorregiões 1 e 2, o portfólio da DONMARIO segue se apresentando de forma completa, tanto em materiais voltados para as regiões mais frias, como para as mais quentes. Para Felipe, DM66I68RSF IPRO e DM64I63RSF IPRO se destacam entre algumas das cultivares mais competitivas para os agricultores do Mato Grosso do Sul, São Paulo, região norte do Paraná e sul do Rio Grande do Sul. “Além dessas opções, que possuem excelente performance para essas regiões, temos DM70I71RSF IPRO, que possui um ciclo mais longo e ótima adaptação em áreas de reforma de cana-de-açúcar e pastagens, e DM65IX67RSF I2X, lançamento dessa safra. Ainda, o portfólio conta com DM60IX64RSF I2X, opção que agrega tanto em um alto potencial de rendimento, quanto em estabilidade produtiva, com bom nível de resistência ao nematoide das galhas (M. incognita). Assim, conseguimos abranger uma variedade de demandas dentro das regiões mais quentes, sejam por encaixe de ciclo, maior produtividade ou performance em relação a altas temperaturas”, cita.

Já nas regiões frias, Felipe destaca dois principais produtos atualmente. DM54IX57RSF I2X se caracteriza por um excelente teto produtivo, com alto peso de mil grãos (PMG) e bom sistema radicular. “Quanto melhor a condição e a altitude que a gente trabalha no produto, melhor a performance e a entrega, algo que a cultivar vem comprovando em seu primeiro ano comercial”, diz. Enquanto isso, DM56I59RSF IPRO possui características que agregam em maior segurança na lavoura do produtor. “É um material de grande amplitude no portfólio, por seu grupo de maturação 5.7 e por estar dentro do Sistema Defense, oferecendo resistência à phytophthora e tolerância à ferrugem asiática”, pontua.

Em meio a uma variedade de opções em tecnologias para a lavoura, a correta identificação da demanda de cada talhão da propriedade, juntamente com o posicionamento apropriado para cada material, é o principal fator – dentre os controláveis – que tende a fazer a diferença na hora da colheita. “Não existe a melhor cultivar. Existe a cultivar certa para o lugar certo. Com a assertividade na escolha e a aplicação da adequada janela de semeadura, nível de fertilidade e população de plantas, o produtor tende a maximizar as suas chances de sucesso no campo”, declara Felipe.

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